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Comerciantes relatam arrombamentos constantes no Pelourinho

Falta de policiamento durante a noite e a madrugada seria o principal motivo para persistência do problema

  • Foto do(a) author(a) Larissa Almeida
  • Larissa Almeida

Publicado em 7 de maio de 2024 às 05:45

Sede da Abam foi arrombada nesta segunda-feira (6) Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

A região do Pelourinho, tão conhecida pelo colorido dos seus imóveis, esconde, durante o dia, a violência que acontece na escuridão das madrugadas. De acordo com comerciantes, por não haver policiamento nesse período, os estabelecimentos situados no coração do Centro Histórico são alvos de constantes arrombamentos e roubos. O mais recente deles aconteceu na madrugada desta segunda-feira (6), quando a sede da Associação Nacional das Baianas de Acarajé, Mingau, Receptivos da Bahia (Abam) foi invadida e assaltada, gerando um prejuízo superior a R$10 mil.

Com essa ocorrência, a Abam registrou o 40º arrombamento nos últimos cinco anos. “Só não violentaram aqui quando estava em reforma, que durou oito meses. Mas, desde que estou aqui há 16 anos, já houve arrombamentos. Antes da reforma, tinham dois quartinhos que Rita [presidente da Abam] guardava as coisas de cursos e projetos. Eles arrombaram os cobogós e, na reforma, reforçamos a estrutura porque  entravam e saíam dali. Hoje, quebraram o portão. Ainda estou meio devastada. Eu sei que tem roubos aqui, mas não pensei que fossem tão violentos”, relatou Solange Santana, coordenadora nacional da Associação.

Próximo dali, a loja Souvenir Bahia, que vende artefatos de moda e acessórios típicos da baianidade, conheceu essa violência antes da pandemia. Segundo conta o sócio proprietário Nelson Nunes, de 42 anos, a loja sofreu um arrombamento, seguido de roubo que gerou prejuízo maior do que R$5 mil em produtos. “Quando chegamos, a porta estava arrombada e encostada. Tudo estava bagunçado. E, infelizmente, essa é uma realidade constante aqui. É uma insegurança muito grande aos quatro cantos. Ficamos tristes porque pagamos tanto imposto e eu me pergunto para onde vai”, disse.

Segundo relatos de pessoas ouvidas pela reportagem, também houve registro de arrombamento recente em uma padaria ao lado do Elevador Lacerda, na região do Comércio. Por lá, os funcionários se depararam com a cena de um criminoso no teto do estabelecimento, na última sexta-feira (3), roubando um registro de água enquanto o local ficava inundado.

Subindo em direção ao Largo do Pelourinho, outro caso. Desta vez, do restaurante Portal do Pelô, que teve prejuízo de R$30 mil depois de sofrer arrombamento e assalto em 2022. “Um cidadão, por volta de 3h, arrombou a porta principal do estabelecimento e ficou cerca de duas horas saindo com mercadoria. Levou televisor, som, dinheiro, bebidas e várias outras coisas. Teve câmera para registrar e ele foi preso, mas, desde então, reforçamos a segurança. Graças a Deus não aconteceu de novo. Infelizmente, fica a sensação de insegurança”, relatou o proprietário Marcos Barreto.

Para ele, o que precisa ser feito é reforço do policiamento. “Policiamento é a base. Tem muitas pessoas aqui em situação de vulnerabilidade. Então, a polícia deveria ficar 24 horas, porque os arrombamentos só acontecem de madrugada. Quando chega 21h ou 22h, procuramos a polícia e não tem ninguém”, reclama.

O ambulante Gustavo Xavier, de 21 anos, que trabalha na região há três anos, conta que sempre ouve histórias de lojas que foram arrombadas e, como consequência do cenário de insegurança, tem notado esses locais mais vazios. “As lojas andam mais vazias e o comércio local enfraqueceu por conta disso. Largaram muito o Centro de Salvador no quesito segurança. Agora, está à mercê mesmo da criminalidade”, afirmou.

O que dizem as autoridades

Procurada pela reportagem para saber quais esforços estão sendo empregados na região, se há previsão de reforço e qual o posicionamento diante da sensação de insegurança relatada pelos comerciantes, a Polícia Militar da Bahia disse que o policiamento no Centro Histórico de Salvador, que inclui os bairros do Pelourinho e do Santo Antônio, é realizado pelo 18º BPM, que emprega policiais em viaturas, motos, duplas a pé e bases móveis.

“As ações são desempenhadas conforme um cuidadoso planejamento, que leva em consideração não apenas os índices de ocorrências registradas junto à Polícia Civil, mas as especificidades da região. A área conta ainda com o reforço da CIPT Rondesp BTS, dos Batalhões de Policiamento Turístico (BPTur) e de Polícia de Pronto Emprego Operacional (BPeo), além de policiais empregados em regime extraordinário da Operação CHS, dentre outras”, disse em nota.

A corporação ressaltou que é imprescindível que qualquer situação que fuja à normalidade seja informada pelos canais institucionais (190 e 181) para que guarnições sejam encaminhadas para a imediata averiguação das denúncias. Além do acionamento, lembrou que o registro das ocorrências junto à Polícia Civil também é importante para a apuração dos fatos.

Questionada também se fornece policiamento à noite e pela madrugada, a PM-BA não respondeu.

Procurada para as mesmas solicitações feitas à PM-BA, a Guarda Civil Municipal (GCM) respondeu que, atualmente, atua com 148 servidores na região do Centro Histórico, contando com apoio de cinco viaturas e duas motocicletas. Disse que, visando ampliar as ações de videomonitoramento em Salvador, mais de 200 câmeras já foram instaladas pela prefeitura e são monitorados pela pasta através do Centro Integrado de Inteligência, Controle e Videomonitoramento (Cicomv), que conta com funcionamento 24h, na base da GCM, localizada na Avenida General San Martin.

“A instalação desses equipamentos faz parte do projeto de mais de 300 câmeras da Guarda, que serão instaladas em áreas turísticas de Salvador. O investimento gira em torno de mais de R$ 20 milhões, voltados para compra de equipamentos, na implantação das torres e postes”, escreveu em nota.

A GCM ainda acrescentou que também faz parte do investimento a sua central de controle, em um financiamento junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), através do Programa Nacional de Desenvolvimento Turístico em Salvador (Prodetur), que segue em fase de conclusão, com mais de 100 câmeras já instaladas só na região do Centro Histórico da cidade.

Por fim, sobre o arrombamento da Abam, a Guarda Civil Municipal informou que não recebeu nenhum registro de ocorrência e orientou que a Associação procurasse a Deltur, para registro da ocorrência. Também reforçou que segue realizando ações de patrulhamento preventivo, prevenção a violência e preservação do patrimônio público.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro