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Maysa Polcri
Publicado em 14 de novembro de 2023 às 16:00
A onda de calor que afeta mais de cem cidades da Bahia e é similar à que atingiu municípios em meados de setembro traz, além do clima abafado, uma vilã já bem conhecida nos trópicos: a dengue. Segundo os dados mais recentes da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), 14 cidades enfrentam epidemia da doença. >
Entre 1º de janeiro deste ano e o dia 4 de novembro, o estado registrou 46.234 casos prováveis da doença - número 35% maior do que o identificado no mesmo período do ano passado, quando foram 34.063. Os casos prováveis englobam pacientes com diagnósticos inconclusivos. >
Salvador é um dos municípios em estado de epidemia, ao lado de cidades como Camaçari, Feira de Santana, Guanambi, Macaúbas, Teixeira de Freitas e Vitória da Conquista (veja a lista completa abaixo). A epidemia acontece quando há um aumento no número de casos em diversas localidades, sem atingir, no entanto, a escala global. >
As altas temperaturas e a chuvas formam o cenário ideal para a proliferação do aedes aegypti, vetor da arbovirose. Aliado a isso, está a proximidade do verão, que começará em 22 de dezembro e promete elevar médias máximas. Das cidades que enfrentam a nova onda de calor em território baiano, três estão entre os dez municípios com maior incidência de dengue: Vereda, Piripá e Novo Horizonte. >
“Estamos entrando nas semanas do ano em que o número de casos deve aumentar, além da onda de calor que atinge todo o Brasil, acompanhado de chuvas. Essa é a melhor estrutura climática para a proliferação do mosquito”, explicou Alberto Chebabo, presidente da Associação Brasileira de Infectologia, durante o webinar Dengue: O Impacto da Doença no Brasil, realizado pela farmacêutica Takeda, na terça-feira (14). >
Em nota, a Secretaria de Saúde de Salvador (SMS), informou que há quatro semanas a capital mantém redução do número de casos, o que "sinaliza que a situação está sob controle". Nenhum óbito foi registrado em Salvador em decorrência da dengue neste ano. >
"A Prefeitura Municipal de Salvador (PMS), através da SMS, está envidando todos os esforços para proteger e cuidar da população de Salvador. As unidades de saúde estão preparadas para identificar e atender as suspeitas de dengue, chikungunya e zika, o controle do aedes aegypti está sendo feito em toda a cidade, reduzindo a infestação e evitando novos casos", pontua. >
Até novembro deste ano, 391 municípios baianos já realizaram notificações para o avanço da doença. Desses, 178 apresentaram mais de 100 casos para cada 100 mil habitantes. Enquanto a Bahia acompanha o número de casos crescer consideravelmente, estados vizinhos têm queda na quantidade de doentes. É o caso do Piauí, que teve redução de 83% no número de casos entre o ano passado e este ano. >
O médico infectologista Alberto Chebabo explica que cada região tem sua peculiaridade e que o vírus possui sazonalidade própia. “Após dois ou três anos de aumento do número de casos, há um esgotamento do número de pessoas suscetíveis e a tendência é a queda. Esses períodos acontecem a cada quatro anos, em média, até que ocorra a entrada de um sorotipo diferente”, afirma. >
Segundo o médico, o aumento dos casos na Bahia pode estar associado à entrada do sorotipo 3 da dengue no Nordeste. “Ele não circula há um bom tempo no país, mas já foi identificado em regiões do Nordeste e países da América Latina”, diz. A dengue possui quatro sorotipos, que se diferenciam pela formação genética e molecular. >
Diante do aumento do número casos, vale lembrar as formas de evitar a disseminação do mosquito. “As temperaturas vão aumentar e é importante que a população esteja alerta para os cuidados: cobrir tanques de água e não deixar água parada em casa. Assim, os mosquitos não encontram lugar para colocar os ovos”, ressalta o virologista Gúbio Soares. >
A Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) foi questionada, através da assessoria de imprensa, sobre as ações que têm sido tomadas para reduzir o número de focos de dengue e atender a população doente, mas não houve retorno. >