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Esther Morais
Publicado em 22 de janeiro de 2025 às 12:30
A Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (Ufba) trava um embate com a própria instituição de ensino superior desde novembro do ano passado, quando foi criado um grupo de trabalho que propôs a transferência física da Maternidade Climério de Oliveira (MCO) para o Hospital Universitário Edgard Santos (Hupes).
O local, que é a primeira maternidade da Bahia e a primeira maternidade-escola do Brasil, seria implementado no centro pediátrico do hospital.
Segundo o diretor da faculdade, Dr. Antonio Alberto Lopes, a transferência da maternidade não foi comunicada logo quando houve a proposta e o grupo só soube da situação depois. "A maternidade tem uma história. Não podem simplesmente dizer que vai sair dali", protestou.
Para o coordenador-geral do Diretório Acadêmico de Medicina Pedro Benedicto, Matheus Trabuco, a transferência foi solicitada para que o investimento na maternidade vá por completo para o Hupes. "A MCO havia recebido um fundo de 80 milhões de reais para a construção de um novo prédio com leitos e UTI pediátrica no terreno cedido pela prefeitura em 2022. Como este dinheiro está atrelado à MCO, a Ebserh [Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares] visava a utilização destes fundos para outras obras", denuncia.
"Isso impediu que a gestão da própria maternidade pudesse iniciar as licitações para a construção. O valor deveria ter sido aplicado em parte até o ano passado, mas foi congelado, o que já acarretou na perda de R$ 17 milhões como retorno ao governo, devido à perda de prazos para a licitação", explica.
O GT tinha previsão inicial de durar um mês, com encerramento em 17 de dezembro, mas chegou a ter o prazo prorrogado. Em 13 de janeiro, o Diretório de Medicina, Sindicato dos Técnico-Administrativos em Educação das Universidades Públicas Federais da Bahia (ASSUFBA) e o Sistema Universitário de Saúde (Siunis) protestaram pelo veto à transferência e recomendaram que o grupo fosse extinto.
A Ufba informou, por meio de nota nesta quarta-feira (22), que a discussão finalmente foi encerrada. De acordo com a instituição, após os protestos, o grupo foi finalizado e não será dada continuidade a nenhum estudo ou ação. A direção da faculdade, no entanto, diz que ainda não foi informada sobre o assunto.
Em nota, a Ufba esclareceu que o GT tinha a finalidade de realizar estudos para potencialização das ações envolvidas na melhoria de infraestrutura do Hospital Universitário Professor Edgard Santos (Hupes) e da Maternidade Climério de Oliveira (MCO) e debateu diversos assuntos referente ao tema acima citado, com fins exclusivos de estudos, não sendo terminativo ou executório.
Constituiu o Grupo de Trabalho membros da Ebserh, os superintendentes do Hupes e da MCO, além do superintende do Sistema Universitário de Saúde da UFBA (Siunis). A reportagem procurou a Ebserh para ter posicionamento sobre as denúncias e aguarda retorno.