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'Cidade parada de medo': como está Eunápolis após fuga de detentos

Moradores temem mais violência e novos confrontos entre facções criminosas

  • Foto do(a) author(a) Wendel de Novais
  • Wendel de Novais

Publicado em 19 de dezembro de 2024 às 02:15

Fugitivos do presídio de Eunápolis
Os 16 fugitivos do presídio de Eunápolis Crédito: Reprodução

A fuga dos traficantes da facção do Primeiro Comando de Eunápolis (PCE) do presídio do munícipio, na última quinta-feira (12), deu início a dias de temor no extremo-sul do estado. Um medo intensificado pelo fato de que, após cinco dias da fuga, nenhum dos 16 criminosos, que acumulam 37 mortes na região, foi capturado pela polícia. A ‘liberdade’ dos integrantes da facção PCE tem causado, segundo moradores, uma maior reclusão das pessoas que moram em Eunápolis e temem uma onda de violência.

Um morador, que tem medo de se identificar, afirma que a cidade está amedrontada, o que tem afetado o movimento na rua. “O povo aqui está com medo porque, de repente, Eunápolis está em todos os jornais com a notícia que 16 traficantes de uma facção que toca o terror aqui estão soltos. Então, estamos receosos, temendo que o pior aconteça a qualquer hora. O que temos depois da fuga é uma cidade parada de medo. Até porque, apesar da polícia rodar nas ruas, não vemos uma grande mobilização”, conta.

Outro morador, que também teme revelar o nome, explica que implementou cuidados na rotina para não acabar vítima de algum dos fugitivos. “Como esses caras estão aí soltos e fugindo na rua, a gente acha que algum pode entrar no nosso caminho. Se alguém toca a campainha aqui de casa, pergunto logo quem é. Se diz o nome e eu não sei, não abro. A gente não sabe de nada, não tem informação e nem satisfação nenhuma do que a polícia está fazendo. E olha que eu moro em um bairro até mais tranquilo, imagina o medo do pessoal do Rosa Neto e Juca Rosa [bairros de Eunápolis], onde o PCE sempre foi instalado, como está”, relata o morador.

A reportagem apurou que a ação de fuga após a invasão do Conjunto Penal de Eunápolis foi orquestrada para a libertação de Ednaldo Pereira Souza, o Dadá, que chefia a facção do PCE. Tanto é que, no ataque ao presídio, homens armados com fuzis foram direto para duas celas do Pavilhão B da unidade, onde estavam Dadá e integrantes do grupo criminoso. Para uma fonte policial consultada, o medo declarado dos moradores é resultado da tensão entre facções que a fuga pode gerar.

“Esse medo não está só em Eunápolis. Municípios próximos compartilham desse medo. O PCE é daqui, mas causa problemas em Porto Seguro, onde enfrentam a facção Mercado do Povo Atitude (MPA), que é de lá e vem para Eunápolis tentar invadir. Temos também informações até de integrantes do Bonde do Maluco (BDM) que estariam no bairro de Santa Lúcia. Então, é impossível que não haja temor”, diz.

Sem conseguir localizar os fugitivos, O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), admitiu pedir “ajuda” da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal para tentar resolver o problema. Na fala, o gestor afirmou que os traficantes estão sendo auxiliados para manter a fuga. Não há informação, no entanto, se eles estão em Eunápolis e região ou se, por exemplo, fugiram para outros estados.