Chuva destrói parte de terreiro na cidade de Laje

"Se tivesse gente dormindo na casa, teria morrido todo mundo", afirmou líder religioso

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  • Da Redação

Publicado em 30 de janeiro de 2024 às 09:47

Chuva destrói parte de terreiro na cidade de Laje, no Vale do Jiquiriçá
Chuva destrói parte de terreiro na cidade de Laje, no Vale do Jiquiriçá Crédito: Arquivo Pessoal/Tata Shawan

As chuvas que atingem boa parte do território baiano causaram estrago também na cidade de Laje, no Vale do Jiquiriçá. A estrutura de um terreiro ficou parcialmente destruída após o temporal que caiu no final de semana.

Um dos representantes da instituição e filho do fundador do Candomblé Nação Angola Laje-BA, Tata Shawan, 19 anos, conta que a água derrubou a cozinha, o quarto de santo onde ficam as imagens, comprometeu a estrutura de duas casas de acolhimento e de parte do terreno onde são cultivadas as plantas sagradas.

Felizmente, não haviam pessoas dormindo no local no momento da enxurrada, caso contrário a tragédia seria ainda maior. "Se tivesse gente dormindo na casa, teria morrido todo mundo", afirmou Tata Shawan.

No último final de semana, o religioso estava em Santa Inês cumprindo uma obrigação fúnebre. Ele retornou à Laje no domingo (28) e encontrou um cenário que descreveu como "arrasado".

Além do trabalho religioso, o terreiro desevolve ações sociais atendendo a população de rua e distribuindo alimentos. Essas ações, por sua vez, vão ter que parar, ao menos temporariamente, até que se resolva a situação estrutural.

"Nossa casa é uma casa acolhedora, mas com a chuva nós perdemos uma parte onde recebíamos as pessoas de rua. Também fazemos a distriubuição de alimentos, de cestas básicas, em setembro fazemos caruru, em junho e julho uma feijoada. Vamos ter que parar por enquanto para resolver isso", lamentou.

Os trabalhos religiosos, por sua vez, vão seguir. "Hoje mesmo temos uma obrigação religiosa com umas pessoas que estão vindo de Lauro de Freitas e não vamos parar", disse.

A culpa não é da chuva

Essa não é a primeira vez que o terreiro, fundado em 1997 por Tata Zé de Xangô sofre as consequências das enchentes. Segundo Tata Shawan, toda a rua a onde a casa religiosa está localizada é impactada pelas chuvas sem que haja uma mobilização devida do poder público.

"A gente convive com isso desde que a casa foi fundada. É um sentimento complicado, a gente se sente triste, mas não é por conta da água, que é uma coisa da natureza. Mas pela falta de prevenção, porque existem medidas preventivas que não estão sendo tomadas", desabafou.

Ele disse ainda que a prefeitura não tem atendido os apelos do terreiro, que já solicitou a realização de obras no entorno do terreno para evitar que a água invada o espaço nos dias de muita chuva, e que ainda não mandou um representante do município para avaliar os estragos provocados.

Apesar do prejuízo material não ter sido contabilizado ainda, Tata imagina que custo será alto, sobretudo porque o terreiro sobrevive do esforço dos próprios integrantes e não dispõe de grandes recursos para fazer suas ações.

Ele torce para que a chuva dê uma trégua para não agravar os prejuízos. "Nesse momento, não está chovendo, mas está marcando para chover. Se cair mais uma chuvinha pode desabar o resto", concluiu.