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Larissa Almeida
Publicado em 31 de janeiro de 2025 às 02:15
“O Planserv em Feira de Santana não está atendendo. Quando preciso de alguma coisa, vou logo para Salvador. Quando a gente vai pagar uma consulta particular, ao fazer a ficha, descobrem que somos servidores e não atendem também. Estamos privados até de atendimento particular”. Esse é o desabafo do servidor público Marcelo João Alves, que depende do Planserv para ter atendimento médico. Assim como ele, são inúmeros os relatos de insatisfação com o serviço. >
Em Feira de Santana, especificamente, os servidores públicos têm reclamado de falta de atendimento nas redes credenciadas. Esse foi o caso da professora Maria da Conceição Amaral, que atua na Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs). Ela contou que, há poucos dias, foi à emergência do Hospital Emec para acompanhar o marido e, ao chegar lá, os recepcionistas aconselharam que procurassem o Hospital São Mateus ou o HCárdio, pois não estavam tendo operação para o Planserv. Eles seguiram o conselho, mas viram a repetição da negativa. >
“Fomos no Hospital São Mateus, chegaram duas pessoas junto conosco e o porteiro estava do lado de fora. Quando a senhora perguntou acerca do atendimento, ele respondeu que estava superlotado e que não tinha como ser atendido mais pelo Planserv. Ele indicou o Emec, mas respondemos que [já] tínhamos ido lá”, conta, relembrando a frustração. >
A professora Joilma Carneiro, titular da Uefs, enfrentou problema semelhante tanto em Feira de Santana quanto em Salvador. Na capital baiana, ela foi à emergência para fazer uma simples sutura, mas não conseguiu atendimento nos hospitais que recorreu e precisou buscar uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) para resolver o problema. Na semana seguinte, quando teve que retirar os pontos, se deparou com a mesma dificuldade na Princesinha do Sertão. >
As broncas com o Planserv, contudo, não se limitam apenas a faltas de atendimento. Como no caso de Sabrina Mendes, 23 anos, que é estudante de Psicologia e beneficiária por ser filha de servidor público. Ela afirma que há seis anos encontra empecilhos toda vez que tenta marcar consultas de especialidades clínicas. >
“Chega a ser desesperador de tão difícil que é. Hoje mesmo estava procurando uma especialidade médica e liguei para diversas clínicas. As que tem a especialidade, não atendem o plano e, às vezes, quando achamos uma que atenda, só disponibiliza pouquíssimas vagas para quem é desse plano. Ter que recorrer à Salvador para ir apenas em uma consulta é difícil, cansativo e muito mais caro”, aponta ela, que também vive em Feira de Santana. >
Em nota, o Planserv esclareceu que, em função da intensa procura por serviços de emergência, algumas unidades podem apresentar superlotação, a exemplo dos hospitais São Matheus e Emec. >
“Diante disso, o Planserv informa aos beneficiários do plano que também estão disponíveis o Hospital Ortopédico, Hospital Dom Pedro de Alcântara, HTO, além do Centro de Olhos Especializado (COE), Sobaby, Otorrinos, Maternidade Santa Emília, Gynetoco e Hospital Bambino”, escreveu. >
O serviço também ressaltou que a rede credenciada Planserv em Feira de Santana conta com cinco hospitais gerais e seis hospitais especializados, além de 30 laboratórios, dois serviços de atendimento domiciliar e 78 clínicas, 11 hospitais-dia, dois serviços de saúde mental, 20 policlínicas e um serviço de remoção. >
Já em Salvador, a rede credenciada inclui atendimento geral também os hospitais Santa Izabel, Português, Hospital da Pituba, Hospital de Brotas, Agenor Paiva, Cidade, Prohope e San Miguel, além da Somed Pituba, para emergências ortopédicas, e a Fundação Baiana de Cardiologia, para emergências cardiológicas. >
Na última segunda-feira (27), a coordenadora-geral do Plano de Assistência à Saúde dos Servidores Públicos Estaduais (Planserv), Socorro Brito, ressaltou que não há teto orçamentário que limite os atendimentos de urgência e emergência nos hospitais que atendem à rede credenciada para os servidores. >
Isso significa que nenhum beneficiário deixará de ser atendido se precisar ir urgentemente buscar atendimento médico nos hospitais que atendem o Planserv. “A gente salva as pessoas todos os dias e paga todos estes atendimentos mesmo quando eles excedem o orçamento destinado àquela unidade”, explicou. >
Uma equipe de servidores da Procuradoria Geral do Estado da Bahia (PGE-BA) realizou uma visita institucional à sede do Planserv e, na sequência, ao Hospital de Brotas, na última terça-feira (28), para discutir estratégias para garantir a continuidade e o fortalecimento do diálogo entre as instituições e proporcionar maior eficiência e celeridade na gestão das demandas judiciais relacionadas à saúde pública. >
O Grupo Intersetorial da Demanda de Saúde (GIDS) agora assume a totalidade dos processos judiciais movidos contra o Planserv.>
O Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) e a Procuradoria Geral do Estado da Bahia (PGE-BA) foram procurados para informar, respectivamente, o número de ações judiciais e o número de reclamações que foram registrados contra o Planserv entre 2024 e 2025, mas não deram retorno até o fechamento desta reportagem.>
O Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) disse que entraria em contato com a equipe técnica para solicitar os dados de processos e ações judicais movidas contra o plano de saúde do estado, mas não retornou.>