Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Wendel de Novais
Publicado em 31 de outubro de 2024 às 17:27
De uma ponta a outra de Salvador, uma parte significativa dos ataques armados da facção Comando Vermelho (CV) na capital, que são conhecidos pelo alto volume de armamento empregado, partiam da ação de dois nomes: Alex de Oliveira Santos, o Arraia, e Gabriel dos Santos Costa, mais conhecido como Gabrielzinho. As armas usadas nas ações eram repassadas por Luís Fernando Umbelino dos Santos, que atendia pelo vulgo de ‘Tonelada’. Os três, Arraia e Gabrielzinho por mandado e Tonelada em flagrante, foram alcançados pela polícia na Operação Rota Segura.
A ação, deflagrada às 3h de quinta-feira (31), mirava os criminosos por ver neles uma espécie de ‘central’ dos tiroteios causados pelo CV em Salvador. Quem explica isso é Eduardo Badaró, Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco) e delegado da Polícia Federal (PF), que atuou em conjunto com a Polícia Militar da Bahia (PM) e a Polícia Civil (PC) no cumprimento dos mandados. Além dos três citados, a ação alcançou ainda Igor do Nascimento Teixeira, preso em flagrante, e um quinto criminoso que, assim como Tonelada, resistiu à prisão, sendo baleado e morto.
“Identificamos indivíduos que eram responsáveis pela distribuição de armas, entrega de carros roubados e seleção de alvos [bairros e facções] para grupos de homens armados da facção. Então, durante 90 dias, houve um trabalho de inteligência integrada para a gente conseguir mandado de buscas e de prisão para indivíduos que, dentro do Nordeste de Amaralina, não causavam tanto prejuízo, mas para toda a capital baiana e região metropolitana, levavam terror e desespero”, fala Badaró.
Uma fonte policial, que conhece a atuação da facção criminosa na região do Nordeste e terá a identidade preservada, conta como os traficantes não influenciavam nos registros violentos no conjunto de bairros ali reunidos. “Diferente da maioria dos lugares em Salvador, o Complexo do Nordeste de Amaralina não é dividido. Aqui, só existe uma facção e, além disso, tem um acesso complicado para grupos rivais. Ou seja, a incidência de confrontos é quase nula, o que diminui a violência”, fala ele.
Enquanto a violência entre traficantes é menor na região, o bairro começou a assistir um aumento nos ataques armados contra as forças de segurança. Neste mês, inclusive, dez viaturas policiais viraram alvos de disparos. Subsecretário da Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA), Marcelo Oliveira, afirmou que a situação pedia respostas como a operação da quinta. “Os ataques demonstraram a necessidade da atuação forte das forças do Estado para manter a ordem naquela localidade”, disse.
Os indivíduos alcançados nessa resposta reuniam diversos crimes. Arraia, que chegou a fazer a família de refém, tinha mandado de prisão por homicídio; Gabrielzinho por tráfico e roubo; Tonelada tinha passagens pelos mesmos crimes do segundo, além da função de fornecedor de armas. Igor do Nascimento Teixeira tinha os mesmos crimes acumulados e ainda exibia armas nas redes sociais, de acordo com policiais. O quinto homem alcançado, que foi morto com Tonelada e não foi identificado, era comparsa de todos. No final da ação, um adolescente foi apreendido pelos policiais.