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Casos de dengue crescem 571% na Bahia em 2024

Foram 226.090 casos até o dia 29 de junho, de acordo com a Sesab

  • Foto do(a) author(a) Larissa Almeida
  • Larissa Almeida

Publicado em 2 de julho de 2024 às 05:15

Aedes aegypti, vetor transmissor de dengue, zika e  chikungunya
Aedes aegypti, vetor transmissor de dengue, zika e chikungunya Crédito: Freepik

Entre o dia 31 de dezembro de 2023 e 29 de junho de 2024, a Bahia contabilizou 226.090 casos prováveis de dengue no estado. O número representa alta de 571,4% em relação ao mesmo período de 2023, quando foram notificados 33.675 casos prováveis. Os dados são os mais recentes da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab). Segundo a pasta, 95 óbitos em decorrência da doença já foram confirmados.

O Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde, por sua vez, aponta que a Bahia registrou, de janeiro a 1º de julho deste ano, 226.193 casos prováveis de dengue e 104 mortes. Nesse cenário, o estado aparece em 8º lugar no total de casos prováveis, ficando atrás do Distrito Federal (271.213), Goiás (303.742) Rio de Janeiro (579.059), Santa Catarina (353.337), Paraná (631.736), Minas Gerais (1.655.210) e São Paulo (1.946.062). Ainda, aparece como o 9º estado em número de mortes pela doença.

Para o infectologista e consultor técnico do Sabin Diagnóstico e Saúde, Claudilson Bastos, uma das principais motivações para o aumento de ocorrências de dengue está relacionada ao clima. “As causas são múltiplas, desde os fatores climáticos e de umidade com as chuvas facilitando a multiplicação das larvas e mosquitos, até os desflorestamentos que causam os desequilíbrios ecológicos com urbanização da infecção”, afirma.

A infectologista Clarissa Cerqueira conta que, durante o tempo quente e chuvoso, as internações por dengue cresciam a cada dia no hospital em que trabalha. Mas, para ela, além das condições climáticas, o descuido com as medidas básicas de combate ao mosquito Aedes Aegypti, transmissor da doença, também tem contribuído para o aumento de ocorrências.

“As pessoas estão menos preocupadas com as medidas de prevenção, não estão usando repelente e evitando o acúmulo de água em certos locais que favorecem a replicação do mosquito”, pontua.

O maior número de casos registrados no estado neste ano tem como alvo principal homens e mulheres de 20 a 29 anos, que juntos somam 44.949 casos ou 19,8% do total. A estudante Sabrina Marques, de 22 anos, foi uma delas.

"Eu comecei com um desconforto estomacal que parecia azia. Um tempo depois, começou a tosse, mas eu não senti a garganta incomodar. De um dia para o outro, eu fiquei muito mal, senti muita dor a ponto de não saber dizer se o que doía era o músculo, os ossos ou a pele. Tomava banho e a água em contato com minha pele doía demais. Estava com quase 39 graus de febre quando cheguei na UPA", descreve.

Sintomas

A contadora Victorya Nunes, de 27 anos, passou por um cenário de angústia em maio. Com vômitos e dores abdominais, foram cinco dias até se recuperar totalmente. "Fui para a emergência, mas voltei no mesmo dia. Tomei soro, remédio para enjoo e me passaram probiótico para tomar em casa".

Os sintomas da contadora são alguns dos mais comuns em casos de dengue. Quem explica é o infectologista Claudilson Bastos. Entre os principais sinais da doença, o especialista enumera os seguintes:

- Dor abdominal intensa (referida ou à palpação) e contínua;

- Vômitos persistentes;

- Acúmulo de líquidos (ascite, derrame pleural, derrame pericárdico);

- Hipotensão postural ou lipotímia.

- Hepatomegalia mais de 2 cm abaixo do rebordo costal.

- Sangramento de mucosa.

- Letargia e/ou irritabilidade.

A infectologista Clarissa Cerqueira pontua mais alguns sintomas de alerta para casos graves. “Síncope, que é sensação de desmaio ou queda de pressão, irritabilidade ou sonolência, além de sangramento, são alguns dos sinais de alarme que a gente fala para o paciente. [Dizemos] que se acontecer qualquer um deles, tem que procurar o serviço de saúde”, diz.

O público mais vulnerável são as pessoas com comorbidades, insuficiência cardíaca, doenças no fígado ou no rim, idosos, gestantes e crianças com menos de cinco anos.

Como se proteger?

Segundo Clarissa, a principal forma de se prevenir da doença é o uso de repelentes nas áreas expostas, unido à vacina contra a dengue. Atualmente, a faixa etária apta a receber a vacina é a partir de cinco anos de idade. Para quem está fora desta população e quer se vacinar, a infectologista indica a vacinação particular.

O infectologista Claudilson Bastos reforça que a vacina tem eficácia de 80,2% contra a dengue e redução de hospitalização de 90,4%.

A prevenção da doença através do combate ao mosquito, impedindo sua replicação a partir do controle de água parada, também é um meio eficaz de evitar a dengue. Caso, ainda assim, a pessoa pegue a doença, o ideal é começar o tratamento imediatamente.

“Eu não tenho como dizer que a gente vai atenuar os casos graves. O ideal é você não pegar dengue. Uma vez que pegou, a gente tem que observar e tratar, caso complique. O tratamento é com hidratação – venosa se tiver algum sinal de alarme –, internação, até observar melhoras de plaquetas”, Clarissa reforça.

**Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro.