Caso Sara Mariano: suspeitos deixam o fórum aos gritos de ‘Assassinos’

Saída do prédio foi tumultuada, pessoas tentaram agredir e jogaram objetos nos dois homens

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  • Gil Santos

Publicado em 16 de novembro de 2023 às 14:55

Suspeitos entraram no camburão sob gritos de protesto
Suspeitos entraram no camburão sob gritos de protesto Crédito: Ana Lúcia Albuquerque/ CORREIO

A saída do Bispo Zadoque e do ministro do evangelho Gideão Duarte, no fórum de Dias D’Ávila, na Região Metropolitana, foi tumultuada na manhã desta quinta-feira (16). Aos gritos de “assassinos”, “monstros”, “vagabundos” e “criminosos” um grupo de manifestantes, a maioria mulher, cobrou por justiça. Os dois são suspeitos de participação na morte da pastora e cantora gospel Sara Mariano e passaram por audiência de custódia nesta quinta-feira. A Justiça manteve a prisão temporária.

A audiência encerrou por volta das 9h30, mas desde cedo um grupo de manifestantes já aguardava do lado de fora do fórum. Quando os dois suspeitos apontaram no final do corredor, os policiais militares tentaram fazer um cordão de isolamento, mas assim que o bispo e o ministro do evangelho atravessaram a porta a multidão avanço. Uma mulher conseguiu dá uma bolçada em Zadoque e outra tentou acertar alguns tapas em Gideão.

Os advogados e os policiais tentaram proteger os suspeitos e ordenar o caminho entre o prédio e a viatura, estacionada a menos de dez metros, mas a multidão seguiu os dois até o veículo. Zadoque foi o primeiro ao entrar e permaneceu de cabeça baixa. Em seguida, Gideão entrou, em silêncio, o veículo foi fechado e a viatura seguiu. Mesmo assim, os gritos dos manifestantes persistiram.

Os dois suspeitos estão na carceragem da Delegacia de Dias D´Ávila e serão transferidos para o Centro de Observação Penal, no Complexo Penitenciário da Mata Escura, em Salvador. A data para essa mudança não foi confirmada. A prisão é temporária, o que significa que a polícia tem 30 dias para apresentar provas e concluir o inquérito.

Prisões

O bispo Zadoque estava em um culto no bairro da Gameleira, na Ilha de Itaparica, quando recebeu a visita dos policiais. Segundo o advogado dele, Dielson Monteiro, o suspeito não ofereceu resistência. “Ele estava sentado quando dois policiais chegaram, chamaram ele no canto, conversaram e ele se entregou, sendo levado para a delegacia”, afirmou.

A defesa disse que, à primeira vista, não viu ilegalidade na prisão, mas frisou que assumiu o caso na quarta-feira (15) e que ainda vai analisar o processo com calma. Haverá uma reunião no escritório, nesta quinta-feira, entre os advogados de defesa para discutir o caso.

Já o ministro do evangelho Gideão estava em casa com a mulher e dos dois filhos, de 7 e 9 anos, em Camaçari, quando os policiais chegaram. O advogado dele, Carlos Augusto Vaz, afirmou que não houve resistência, mas considerou a prisão desproporcional. Ele disse que o cliente tem residência fixa, não tem antecedentes criminais e que Gideão está colaborando com a investigação.

“A prisão foi mantida porque o Ministério Público entende que a prisão é necessária para que as investigações se desenrolem de maneira mais eficiente. A defesa não concordou com isso. O Gideão tem auxiliado a polícia, ele tem interesse que mais rápido possível se elucide esses fatos. Vamos continuar guerreando contra essa prisão”, afirmou Vaz.

Segundo a polícia, a morte da pastora Sara Mariano começou a ser planejada em 24 de setembro. O marido dela, o produtor musical e também pastor, Ederlan Mariano, está preso suspeito de ser o mandante do crime. A motivação foi problemas conjugais. A polícia não forneceu detalhes, mas a suspeita é de que a vítima tenha tido uma relação extraconjugal.

Um mês depois, na noite de 24 de outubro, Sara Mariano saiu do bairro de Valéria, em Salvador, para participar de um suposto evento religioso em Dias D'Ávila, e nunca mais foi vista. O marido prestou queixa na delegacia relatando o desaparecimento, e três dias após o sumiço o corpo da pastora foi encontrado carbonizado às margens da BA-093, na altura de Dias D’Ávila.

A polícia descobriu que Gideão foi o motorista por aplicativo que buscou Sara Mariano em casa naquela noite. Ele já havia dirigido para a pastora em outros momentos. O veículo fez uma parada no meio do caminho, a vítima desceu e entrou em outro veículo. É o que alega Gideão.

Os investigadores apuraram que o bispo Zadoque estava no carro em que Sara entrou. A polícia investiga a participação dos dois e de Ederlan no desaparecimento e na morte da cantora gospel.