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Bruno Wendel
Publicado em 21 de fevereiro de 2024 às 13:39
A primeira audiência do “Caso Gamboa” já tem data marcada. Algumas testemunhas já foram intimadas para serem ouvidas no dia 13 de março deste ano, no processo que a apura as mortes dos jovens Alexandre Santos dos Reis e Cléverson Guimarães Cruz e do adolescente Patrick Sousa Sapucaia, ocorridas na localidade de Gamboa de Baixo, em Salvador, no dia 1º de março de 2022.
Esta audiência é referente à denúncia do Ministério Público estadual (MP/BA), em novembro do ano passado, contra três policiais militares lotados na Companhia Independente de Policiamento Tático/ Rondesp Baía de Todos-os-Santos (CIPT/BTS). São eles: os cabos da PM Tárcio Oliveira Nascimento, Thiago Leon Pereira Santos e Lucas dos Anjos Bacelar Dias. Eles respondem pelo crime de homicídio qualificado cometido por motivo torpe.
No dia, as testemunhas serão ouvidas na instrução de forma híbrida pelo juiz Paulo Sérgio Barbosa de Oliveira, do 2º Juízo da 1ª Vara do Júri. Eles poderão participar de forma virtual, através de um link, ou presencial no Fórum Criminal de Sussuarana, na Avenida Ulysses Guimarães. Já os policiais serão interrogados em outro momento, mas seus advogados podem acompanhar as audiências.
Nesta semana, o MP/BA informou que os três PMs e um outro cabo da CIPT/BTS foram denunciados por fraude processual em relação às mortes. Segundo a denúncia, Tárcio, Thiago, Lucas e Marinelson Mendes Alves da Cruz "alteraram, substancialmente, a cena do crime em diversos momentos, objetivando apagar os rastros dos homicídios". Esta denúncia está vinculada à Justiça Militar, cuja audiência ainda não tem previsão para acontecer.
O MP/BA pediu à Justiça o afastamento cautelar dos envolvidos do policiamento ostensivo pelo período de180 dias, além da determinação de que eles sejam proibidos de acessar a Gamboa e manter contato com testemunhas e familiares das vítimas até o final da instrução processual. Em novembro do ano passado, eles já haviam sido denunciados pelo MP pelo crime de homicídio qualificado cometido por motivo torpe.
Segundo o MP/BA, a alteração na cena de crime aconteceu depois das mortes das vítimas. As investigações e laudos periciais da reprodução simulada dos crimes indicam que os PMs "plantaram" armas de fogo para dar ideia de que as vítimas estavam armadas. A denúncia diz ainda que eles também usaram vassoura e baldes com água para lavar casas da comunidade e a escadaria da Gamboa de Baixa, que estava suja com poças de sangue por ser o local onde Alexandre e Patrick foram de fatos atingidos.