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Esther Morais
Publicado em 13 de novembro de 2024 às 11:03
A investigação policial sobre o desaparecimento de dois funcionários de um ferro-velho em Salvador já completa 10 dias, mas o caso segue com perguntas em aberto.
Na terça-feira (12) a Polícia Civil localizou um veículo, supostamente pertencente ao empresário Marcelo Batista da Silva, apontado por familiares dos jovens Paulo Daniel Pereira, 24 anos, e Matuzalém Silva, 25, como suspeito de envolvimento no desaparecimento deles. O suspeito teve a prisão preventiva decretada, mas está foragido. O CORREIO reuniu as principais informações já esclarecidas sobre o caso.
Paulo Daniel Pereira e Matuzalém Silva estão desaparecidos desde o dia 4 de novembro. Os dois foram trabalhar em um ferro-velho, no bairro de Pirajá, mas não retornaram para suas casas. Na última quinta-feira (7), o Corpo de Bombeiros foi até o local para realizar buscas e retornou no dia seguinte com a Polícia Civil e uma ordem judicial, mas os jovens não foram encontrados.
De acordo com uma tia de Paulo Daniel, morador do bairro de Saramandaia, os trabalhadores eram submetidos a uma carga horária extensa, das 7h às 19h, com poucos ou nenhum direito. De acordo com o relato dela, o dono do local tinha o costume de pagar apenas parte dos valores combinados e prometia pagar o restante em outro dia, como forma de manter os trabalhadores no serviço.
Após denunciar o desaparecimento dos jovens, as famílias suspeitam que o dono do ferro-velho, Marcelo Batista Silva, onde eles trabalham, tenha envolvimento no sumiço. A Polícia Civil da Bahia (PC) pediu a prisão preventiva do empresário,
Sim. Marcelo já foi processado pelo crime de tortura contra pessoas que empregou. Em 2018, o Ministério Público Estadual (MPE), denunciou o empresário após um inquérito policial apontar a prática criminosa por ele cometida no ano de 2017. "No dia 25 de setembro de 2017, por volta das 13h30min, no interior da empresa de reciclagens Pró Metais, no Km 9, bairro Pirajá, nesta capital, o denunciado constrangeu as duas vítimas mediante emprego de violência e grave ameça, com a finalidade de obter informações acerca da autoria da prática de suposto crime de furto na sua empresa", descreveu o MPE na denúncia submetida contra ele.
No documento, foram apresentados os laudos médicos que comprovaram as lesões dos funcionários que prestaram queixa contra Marcelo. No dia do crime, de acordo com o inquérito, o empresário teria prendido as duas vítimas no ferro-velho, acusando de pegar materiais do local.
Antes mesmo da Justiça expedir o mandado de busca e apreensão, na quinta-feira (8) à noite, a defesa do empresário pediu um habeas corpus preventivo para evitar a prisão dele no decorrer das investigações. A defesa estaria se antecipando a uma acusação de crime de homicídio, de acordo com o documento. "Trata-se de Habeas Corpus Preventivo em que se objetiva a obtenção de salvo conduto, por figurar o paciente como suposto autor de crime de homicídio", escreve o juiz que recebeu o caso na Vara Criminal, mas o repassou para as Varas do Tribunal do Júri.