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Maysa Polcri
Publicado em 11 de setembro de 2024 às 05:45
As notícias são boas para quem já começa a preparar os ingredientes para o caruru de Cosme e Damião em Salvador. Os agrados culinários feitos aos irmãos, ou aos ibejis, ficaram mais baratos neste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. Quem comprar logo os produtos, deve conseguir desconto de até 50% em itens típicos da época como quiabo, coentro, além dos clássicos cebola e tomate. A data de ofertar o caruru é, tradicionalmente, no dia 27 de setembro, e o ideal é que se compre o mais breve possível.
Na tradicional venda de Claudionor Noca, na Feira de São Joaquim, 100 unidades do quiabo custam R$10. Mas ele já avisa: até o final do mês, o preço do cento deve dobrar. O alimento vendido na maior feira de Salvador vem de Canindé de São Francisco, em Sergipe, onde a produção é irrigada e não sofre grandes interferências pela seca. “Não estamos pagando mais caro no quiabo, mas o preço aumenta conforme a procura cresce. A estimativa é do cento custar R$ 20”, diz o vendedor.
O produto é ingrediente fundamental do caruru, o principal prato de Cosme e Damião na mesa dos baianos. Em janeiro deste ano, a saca de 25 quilos do quiabo custava R$ 100, segundo apontava o boletim informativo da Secretaria de Desenvolvimento Econômico da Bahia (SDE). Na comparação com setembro, houve redução de 40% e a mesma quantidade do alimento custa R$ 60.
Apesar de saber que quem compra com antecedência tem vantagem, Rita Santos, presidente da Associação Nacional das Baianas de Acarajé (Abam), lembra que poucas baianas têm condições de estocar o produto para pagar mais barato. “Os preços sempre aumentam em setembro e, mesmo pesquisando muito, fica difícil comprar mais barato. A maioria das baianas precisa fazer compras todos os dias porque não têm onde guardar os alimentos comprados antes”, conta.
A reportagem selecionou sete alimentos bastante utilizados nesta época e comparou com os preços de janeiro deste ano. Cinco apresentaram redução: quiabo (-40%), cebola (-50%), tomate (-44%), coentro (-50%) e pimentão (-25%). Por outro lado, o coco seco e o azeite de dendê ficaram 36% e 65% mais caros, respectivamente. A base de dados utilizada foram os boletins de preços da SDE, dos dias 22 de janeiro e 9 de setembro. A exceção foi o azeite de dendê, que teve o preço pesquisado com produtores.
Assis Pinheiro, diretor da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura da Bahia (Seagri), explica que apesar de condições climáticas desfavoráveis, parte considerável das produções são irrigadas. “É o caso do quiabo e do tomate, que estão com os preços estáveis. Mas, o aumento de preço é inevitável conforme o aumento da demanda”, revela o engenheiro agrônomo.
É o que Rita Santos, baiana de acarajé, já tem percebido quando vai às compras. Em uma semana, o quilo do camarão seco saltou de R$39 para R$49 - um aumento de 25%. “O camarão ficou ainda mais caro, então, nessa época, é muito difícil economizar”, avalia. A presidente da Abam lembra, ainda, que o aumento do preço do gás de cozinha pode encarecer os valor das refeições.
No dia 2 de setembro, o Sindicato dos Revendedores de Gás do Estado da Bahia (Sinrevgas) anunciou aumento de R$7. “Para completar, o preço do gás subiu, o que influencia no aumento dos preços para o consumidor final. Existem baianas que gastam até cinco botijões de gás em um único mês”, pontua.
Confira os preços dos produtos pesquisados
Coco seco (cento)
Janeiro: R$220
Setembro: R$300
Quiabo (25 quilos)
Janeiro: R$100
Setembro: R$60
Azeite de dendê (litro)
Janeiro: R$25
Setembro: R$40
Cebola (20 quilos)
Janeiro: R$80
Setembro: R$40
Tomate (20 quilos)
Janeiro: R$90
Setembro: R$50
Coentro (700 gramas)
Janeiro: R$10
Setembro: R$5
Pimentão (10 quilos)
Janeiro: R$40
Setembro: R$30
Camarão seco (quilo)
Janeiro: R$39
Setembro: R$49