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Campanha #NãoVoltaMaria alerta sobre violência doméstica contra mulheres em Salvador

Cartazes foram espalhados na Itaigara e na Ribeira como parte da ação

  • Foto do(a) author(a) Millena Marques
  • Millena Marques

Publicado em 25 de novembro de 2024 às 18:22

Campanha #NãoVoltaMaria
Campanha #NãoVoltaMaria Crédito: Divulgação

Faixas com pedidos de desculpas e falsas promessas de amor foram espalhadas por Salvador com uma mensagem de alerta sobre violência doméstica contra mulheres. A ação faz parte da campanha #NãoVoltaMaria, parceria entre ONU Mulheres com o Instituto Gloria e apoio da prefeitura, tem como o gancho o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra a Mulher, celebrado nesta segunda-feira (25).

De acordo com o Instituto Maria da Penha, o ciclo da violência é composto por três fases: a primeira é a criação de tensão, já a segunda é o ato de agressão em si, enquanto a terceira representa a lua de mel. A fim de chamar a atenção para este último momento, no dia 24 de novembro, os bairros da Itaigara e da Ribeira, receberam faixas contendo mensagens aparentemente românticas.

A comunicação - que traz o nome de uma figura feminina chamada “Maria”, uma alusão à própria Maria da Penha, símbolo da luta contra a violência doméstica - direciona o holofote para um período considerado crucial, porém, frequentemente ignorado, e expõe a fragilidade emocional das mulheres junto à dificuldade de se romper com o ciclo de violência, ou seja, com o momento em que o agressor pede desculpas, se arrepende e promete mudanças, ao buscar se reaproximar de sua parceira, com falsas promessas e manipulações.

Já no dia 25, novas faixas são acrescentadas às anteriores, com a revelação sobre o verdadeiro propósito da ativação e um convite para que a sociedade reflita sobre o tema. A hashtag #NãoVoltaMaria é utilizada também nas redes sociais pelas personalidades Paolla Oliveira, Claudia Leitte, Chefe Lili Almeida, Nathalia Arcury e Bruna Pinheiro, entre outras influenciadoras, para mobilizar a população e incentivar a denúncia de casos de violência.

“Nenhum país está livre do feminicídio. Por isso, nosso trabalho tem foco em buscar e compartilhar práticas promissoras que possibilitem real impacto na vida das mulheres e meninas. O primeiro passo é garantir acesso à informação como direito humano primordial”, afirma Ana Carolina Querino, Representante Interina de ONU Mulheres.

“O ciclo da violência é comprovado. O dia seguinte do pedido de desculpas será de violência novamente. Até que um dia, para muitas de nós o silêncio do feminicídio chega. Precisamos falar mais sobre como sair de contextos de violência. Precisamos nos fortalecer a partir de redes de apoio. Precisamos dar as mãos para todos aqueles que acreditam que a sociedade será muito mais desenvolvida quando não formos condenadas apenas pelo fato de sermos do gênero feminino”, revela Cristina Castro, fundadora e CEO do Instituto Gloria.

Salvador foi escolhida para receber a ação devido aos altos índices de violência praticados na Bahia. O estado registrou 672 casos de feminicídios entre 2017 e 2023*, com 92,6% dos crimes cometidos por parceiros íntimos da vítima (companheiros ou ex-companheiros e namorados), de acordo com dados apontados pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), em parceria com a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA).

Em casos de violência doméstica contra mulheres, disque 180 para orientação e apoio. O canal oferece ajuda confidencial para garantir a segurança e o bem-estar das vítimas.

Sobre o Instituto Gloria

Organização sem fins lucrativos e plataforma de transformação social que, a partir da coleta de dados, gera conteúdo educacional e cria uma rede de apoio com as ferramentas necessárias para combater o ciclo de violência contra mulheres e meninas. Seus cinco eixos são pautados em Segurança; Acesso à Justiça; Empreendedorismo; Saúde da Mulher; e Educação. Conheça @eusouagloria nas redes.