Cabula, Uruguai e Liberdade são os bairros campeões de furtos de hidrômetros

Crimes já geraram prejuízo de R$ 450,8 mil em toda Salvador

  • Foto do(a) author(a) Larissa Almeida
  • Larissa Almeida

Publicado em 17 de outubro de 2024 às 06:15

Furto de hidrômetros são muito comuns na capital baiana, especialmente em localidades  com presença de sacizeiros Crédito: Marina Silva/CORREIO

De janeiro a setembro deste ano, Salvador registrou 3.147 furtos de hidrômetros, também conhecidos como relógios de água, que medem e registram o volume de água consumido por um imóvel. Esses crimes geraram prejuízo de R$ 450,8 mil às contas públicas. Segundo a Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa), grande parte dessas ocorrências se deu nos bairros do Cabula, Uruguai e Liberdade, que lideram o número de casos em 2024. 

Morador do bairro do Cabula VI, o gerente comercial Ricardo Alberto, 47 anos, conta que o problema  é antigo na região. “Ficam senhores, senhoras e crianças sem água no prédio por até um dia, fora a insegurança que causa. Esses homens arrancam o hidrômetro e deixam a água jorrando durante a noite toda. Só no mês passado, isso aconteceu de oito a 12 vezes. Além de termos prejuízo com a falta da água, somos impactados com o valor da conta”, reclama.

Ricardo conta ainda que não só os hidrômetros são alvo dos furtos, como todos os materiais com metais. “Eles levam qualquer coisa que seja de alumínio ou cobre. Já chegaram a levar a tampa dos tanques dos prédios e portões de alumínio. Tentamos intermediar com a segurança pública, mas não há jeito. Eles continuam roubando de madrugada e ninguém vê. É complicado”, ressalta.

Por sua vez, Sílvio Ribeiro, líder comunitário do bairro do Uruguai, relata que a comunidade sofre com furtos de hidrômetros há cerca de quatro anos e que, até então, o saldo foi apenas negativo para a população. “O prejuízo veio através de muita água perdida, com a conta vindo dobrada depois. Só nesse ano, isso aconteceu de 11 a 16 vezes. Tentamos resolver com a Embasa, que mandou prestar queixa, mas depois o morador acaba tendo que pagar por outro hidrômetro”, afirma.

Em agosto, o colunista do CORREIO Bruno Wendel mostrou, na coluna Insegurança, que o bairro do Stiep estava vivenciando uma onda de furtos, na Rua Xingu, que estava sendo orquestrada por um casal. Eles teriam furtado, em uma única madrugada, dez hidrômetros, de modo que os moradores amanheceram com a rua completamente alagada.

De acordo com Horacio Nelson Hastenreiter Filho, professor do Mestrado em Segurança Pública, Justiça e Cidadania da Universidade Federal da Bahia (Ufba), esse tipo de crime costuma ser praticado para financiar o uso de drogas. “Algumas das instalações públicas têm determinados componentes e materiais com valor de revenda para os criminosos. Eles acabam criando prejuízos de ordem cem vezes maior do que o benefício que retiram a partir da revenda do produto”, frisa.

“Muito frequentemente, encontramos uma relação entre usuários de drogas, principalmente de crack, e esse tipo de furto. São pessoas desesperadas e viciadas, que não medem a relação custo-benefício”, completa o especialista.

No intuito de evitar novas ocorrências, a Embasa diz que reforça a estrutura de segurança do equipamento como tampas e lacres, e também busca a parceria da Secretaria da Segurança Pública do Estado da Bahia (SSP). “No ano passado, por exemplo, a Embasa foi uma das parceiras da Operação Metallis, deflagrada pela SSP para combater furto, roubo e venda ilegal de equipamentos de prestadoras de serviço públicas e provadas”, pontua Luzivane Souza Cunha.

Quem for usuário da Embasa e tiver o hidrômetro furtado deve informar a ocorrência à companhia pelo telefone 0800 0555 195. A Embasa também orienta que o usuário faça o registro da ocorrência na delegacia mais próxima para que a polícia possa realizar as devidas investigações.