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Esther Morais
Elis Freire
Publicado em 24 de dezembro de 2024 às 08:12
A BYD Auto do Brasil encerrou o contrato com a construtora terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda após receber uma notificação do Ministério do Trabalho e Emprego de que a empreiteira havia cometido uma série de irregularidades nas obras de construção em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (RMS). A rescisão foi divulgada na segunda-feira (23) e a montadora informou que estuda outras medidas cabíveis.>
As infrações envolvem desde cozinhas e banheiros imundos até acidentes com operários mutilados. Nas instalações, 163 trabalhadores chineses foram resgatados em situação análoga à escravidão. As duas empresas foram notificadas extrajudicialmente.>
A BYD determinou que os 163 trabalhadores da construtora sejam transferidos para hotéis da região e ressaltou que eles não serão prejudicados pela rescisão, pois terão os direitos trabalhistas assegurados. >
Ainda informou que já vinha realizando, ao longo das últimas semanas, uma revisão detalhada das condições de trabalho e moradia de todos os funcionários das terceirizadas responsáveis pela obra. A fabricante disse que notificou por diversas vezes essas empresas e promoveu os ajustes que se comprovavam necessários.>
“A BYD Auto do Brasil reitera seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, em especial no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores. Por isso, está colaborando com os órgãos competentes desde o primeiro momento e decidiu romper o contrato com a construtora Jinjiang”, afirmou Alexandre Baldy, Vice-presidente sênior da BYD Brasil, em nota.>
Com jornada mínima de 10 horas durante 6 ou 7 dias por semana, os trabalhadores da montadora de carros elétricos instalada na Região Metropolitana de Salvador viviam situações degradantes, segundo o MPT. >
Sem respeito aos direitos trabalhistas determinados na Consolidação das Leis de Trabalho (CLT), como o registro profissional, o Ministério Público determinou que o tratamento se enquadrava como análogo à escravidão, já que havia situações claras de degradação física e moral dos chineses.>
“Esses trabalhadores estavam em condições totalmente degradantes e indignas. A saúde física e mental deles está completamente comprometida, seja pela exposição a jornada extenuante de trabalho ou pelos alojamentos de péssima qualidade sem a mínima condição de higiene ou ainda sem o descanso necessário. Era um banheiro para 31 pessoas. Alimentos guardados em materiais de construção”, detalhou Fábio Leal, subprocurador do MPT, em coletiva de imprensa na segunda (23).>
O inquérito já foi aberto e segue em andamento na apuração de outras vítimas ou tipos de agressão. >