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Maysa Polcri
Publicado em 11 de dezembro de 2024 às 02:30
Após a restrição da oferta de sabonete e papel tolha, em outubro, a Universidade Federal da Bahia (Ufba) anunciou uma nova medida como consequência da crise orçamentária. O Restaurante Universitário (RU) Manoel José de Carvalho, em Ondina, determinou diminuição na oferta de alimentos após atraso nos repasses à empresa que administra o equipamento. >
Segundo a Ufba, as faturas foram pagas, mas a universidade não informou o valor da dívida e nem quando a situação será normalizada. Quatro medidas foram tomadas para reduzir os custos do RU e já estão em vigor. São elas: redução de três para duas opções de proteína em cada refeição, suspensão de sobremesa, diminuição da oferta e fim da livre demanda por salada. O número de refeições servidas diariamente não foi afetado. >
Por dia, são distribuídas 1,5 mil fichas no almoço e 1,2 mil durante a noite. "Não tem como os estudantes da Ufba, pelo menos a maioria, ficar sem se alimentar corretamente e sem se locomover entre os diversos campi", afirma Lucas Valentim, 21, estudante de Geografia. Na semana passada, o serviço de locomoção gratuito dos estudantes - Buzufba - foi interrompido durante dois dias devido ao não pagamento das despesas dos funcionários. >
O Diretório Central do Estudantes (DCE) publicou uma nota em que denuncia o ocorrido. "A paralisação foi causada pelo não repasse de verbas do MEC [Ministério da Educação], em função do congelamento de recursos devido ao teto de gastos, o que comprometeu o pagamento dos motoristas e de outros contratos de prestação de serviços essenciais na universidade", pontua. Devido a suspensão do serviço, alunos solicitaram que professores de diferentes departamentos substituíssem as aulas presenciais por encontros online. >
Em julho deste ano, o decreto nº 12.120, do Governo Federal, determinou a reprogramação da liberação de limites de empenhos de diversos órgãos, inclusive das universidades federais, medida que foi prorrogada até dezembro. Segundo a Ufba informou na época, 10% do orçamento para este ano, o equivalente a R$18,6 milhões, foram bloqueados. A redução das verbas da universidade tem efeitos práticos diversos.>
No mês de outubro, professores do Instituto de Ciências da Saúde (ICS) foram surpreendidos com um anúncio de contenção de itens básicos na unidade, localizada no Vale do Canela. O comunicado, emitido pelo setor de Almoxarifado e Patrimônio da Ufba, dizia que o fornecimento de sabonete líquido e papel toalha para uso comum de departamentos e laboratórios seria reduzido. Além disso, professores denunciam que os cortes afetam projetos de pesquisas e a infraestrutura da universidade. >
Em nota, o Ministério da Educação (MEC) informou que os repasses serão normalizados neste mês. Ainda segundo a pasta, a verba atualizada de todas as fontes para a Ufba, em 2024, excetuando-se pessoal, é de R$ 212,9 milhões. As Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes), do MEC, podem empenhar até 90% do orçamento previsto na Lei Orçamentária Anual (LOA). >
"O remanescente do limite (10%) será liberado até dezembro de 2024. Permanece bloqueado somente o orçamento decorrente de emendas parlamentares (RP2) destinadas às Ifes", garante o MEC. >