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Black Friday ou Black Month? O que era um dia de descontos virou um mês inteiro

Adaptações no Brasil transformaram novembro em um mês de promoções

  • Foto do(a) author(a) Millena Marques
  • Millena Marques

Publicado em 6 de novembro de 2024 às 02:30

Black Friday acontece nesta sexta-feira (24)
Black Friday em Salvador Crédito: Arquivo/CORREIO

Um fenômeno de consumo com origem norte-americana, a Black Friday surgiu como um dia reservado para atrair consumidores com promoções especiais. Nos Estados Unidos, as ofertas ainda estão concentradas na sexta-feira seguinte ao feriado do Dia de Ação de Graças (que ocorre na quarta quinta-feira de novembro). No Brasil, no entanto, as adaptações ao longo do tempo transformaram o mês de novembro em um período específico para ações de vendas.

Essa mudança brasileira tem relação direta com a data de recebimento do salário, que acontece até o dia 5 de cada mês no país. “Se a gente ficasse somente na sexta-feira, que esse ano é no dia 29 (de novembro), a gente perderia muitas vendas porque as pessoas recebem no início do mês. O importante é que o empresário trabalhe o mês todo”, explicou o consultor econômico Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-BA), Guilherme Dietze.

Apesar de novembro ter feriados relevantes, como 15 e 20 de novembro - Proclamação da República e Consciência Negra, respectivamente – as condições da conjuntura atual possibilitam uma projeção positiva para o comércio baiano neste mês. Segundo levantamento da Fecomércio-BA, o setor deve faturar R$ 16 bilhões, o que representa um crescimento de 9% em comparação ao mesmo período do ano passado.

Alguns fatores contribuem com esse aumento nas vendas de novembro, desde o número de empregados formais a injeção da primeira parcela do 13º salário, que será aplicada até o dia 30 de novembro. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 2,86 milhões de baianos estavam empregados formalmente no segundo trimestre de 2023. No mesmo período desse ano, o número é de 3,11 milhões. Isso representa um aumento de 9%.

“Um ponto importante também é que não há uma briga com o Natal. São duas datas diferentes e compras diferentes, muito mais pessoais (na Black Friday). As pessoas procuram mais celulares, bens duráveis, sejam as fritadeiras elétricas, computadores...”, pontuou Guilherme Dietze.

Nos Estados Unidos, a data foi implementada após lojistas perceberem a possibilidade de atrair consumidores para dar início às compras de Natal. Estudos remontam origem na década de 50. É nesse momento, inclusive, que o comércio norte-americano elimina os estoques de verão e iniciam as vendas de produtos de inverno, que começa, no Hemisfério Norte, em dezembro.

Quando chegou ao Brasil, em 2010, a atratividade dos descontos chamavam atenção dos consumidores. Hoje, os preços não são tão atraentes. “Até porque os estoques do comércio, agora, são menores. As vendas esse ano foram muito boas, com o varejo crescendo mais de 5% no Brasil. Então, sobra pouco espaço para que haja uma promoção gigantesca”, explicou Dietze.

*Com orientação da subeditora Carol Neves