Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Gil Santos
Publicado em 16 de novembro de 2023 às 15:26
O bispo Zadoque estava em um culto no bairro da Gameleira, na Ilha de Itaparica, quando recebeu a visita dos policiais e foi preso, nesta quarta-feira (15). Weslen Pablo Correira de Jesus, conhecido como "Zadoque" está sendo investigado por participação na morte da pastora e cantora gospel Sara Mariano e estava sentado no templo quando os policiais chegaram. O bispo de 31 anos foi chamado de lado, informado sobre a ocorrência e se entregou. Nesta quinta, a Justiça manteve a prisão temporária dele. >
Segundo o advogado do bispo, Dielson Monteiro, o suspeito não ofereceu resistência. A defesa disse que, à primeira vista, não viu ilegalidade na prisão, mas frisou que assumiu o caso recentemente e que ainda vai analisar o processo com calma. Haverá uma reunião no escritório, nesta quinta-feira, entre os advogados de defesa para discutir o caso. >
“Não tivemos ainda o acesso total ao inquérito policial, vamos nos debruçar e analisar tudo. A audiência de custódia foi para avaliar se a prisão foi legal, porque já havia um mandado de prisão temporária contra ele, ou seja, os indícios de autoria e materialidade já haviam sido analisados. A audiência foi para analisar se o mandado foi feito da maneira certa, como exige a lei”, explicou. >
A audiência de custódia foi realizada na manhã desta quinta-feira (16), e na saída do fórum de Dias D’Ávila, na Região Metropolitana, houve tumulto. Aos gritos de “assassinos”, “monstros”, “vagabundos” e “criminosos” um grupo de manifestantes cobrou por justiça, e alguns tentaram agredir o bispo. Uma mulher conseguiu acertas algumas bolçadas nele. Zadoque permaneceu em silêncio até entrar no camburão. >
O segundo suspeito, o ministro do evangelho e motorista por aplicativo, Gideão Duarte, estava em casa com a mulher e dos dois filhos, de 7 e 9 anos, em Camaçari, quando os policiais chegaram. O advogado dele, Carlos Augusto Vaz, afirmou que não houve resistência, mas considerou a prisão desproporcional. Ele disse que o cliente tem residência fixa, não tem antecedentes criminais e que Gideão está colaborando com a investigação. >
“A prisão foi mantida porque o Ministério Público entende que a prisão é necessária para que as investigações se desenrolem de maneira mais eficiente. A defesa não concordou com isso. O Gideão tem auxiliado a polícia, ele tem interesse que mais rápido possível se elucide esses fatos. Vamos continuar guerreando contra essa prisão”, afirmou Vaz. >
Os dois suspeitos estão na carceragem da Delegacia de Dias D´Ávila e serão transferidos para o Centro de Observação Penal, no Complexo Penitenciário da Mata Escura, em Salvador. A data para essa mudança não foi confirmada. A prisão é temporária, o que significa que a polícia tem 30 dias para apresentar provas e concluir o inquérito.>
O advogado de Gideão, Carlos Augusto Vaz, foi procurado para informar se a decisão de prisão temporária será recorrida, mas não houve retorno.>
Crime >
Segundo a polícia, a morte da pastora Sara Mariano começou a ser planejada em 24 de setembro. O marido dela, o produtor musical e também pastor, Ederlan Mariano, está preso suspeito de ser o mandante do crime. A motivação foi problemas conjugais. A polícia não forneceu detalhes, mas a suspeita é de que a vítima tenha tido uma relação extraconjugal. >
Um mês depois, na noite de 24 de outubro, Sara Mariano saiu do bairro de Valéria, em Salvador, para participar de um suposto evento religioso em Dias D'Ávila, e nunca mais foi vista. O marido prestou queixa na delegacia relatando o desaparecimento, e três dias após o sumiço o corpo da pastora foi encontrado carbonizado às margens da BA-093, na altura de Dias D’Ávila.>
A polícia descobriu que Gideão foi o motorista por aplicativo que buscou Sara Mariano em casa naquela noite. Ele já havia dirigido para a pastora em outros momentos. O veículo fez uma parada no meio do caminho, a vítima desceu e entrou em outro veículo. É o que alega Gideão. >
Os investigadores apuraram que o bispo Zadoque estava no carro em que Sara entrou. A polícia investiga a participação dos dois e de Ederlan no desaparecimento e na morte da cantora gospel. >