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Beta: conheça a nova geração dos que nasceram a partir deste ano

Geração atual terá familiaridade com a IA e não deverá saber a distinção entre o real e o virtual

  • Foto do(a) author(a) Larissa Almeida
  • Larissa Almeida

Publicado em 6 de janeiro de 2025 às 02:00

Tecnologias do Futuro
Tecnologias do Futuro Crédito: GPTW

Quando os relógios marcaram meia-noite na última quarta-feira (1º), 2025 surgiu dando início à Geração Beta, que compreende os nascidos neste ano até o dia 31 de dezembro de 2039. A transição do ciclo demográfico, que atualmente ocorre em um prazo máximo de 15 anos, ajuda a entender sociologicamente as pessoas em um determinado recorte de época, de acordo com as tecnologias, relações de trabalho e dilemas sociais do período. Para os Betas, que ainda estão chegando ao mundo, há a expectativa de uma vida entrelaçada com a Inteligência Artificial, desafios no que tangem à saúde mental e a necessidade de encontrar um equilíbrio em diversos aspectos, desde relacionamentos até soluções de problemas globais.

Quem quiser entender as características dessa nova geração, antes precisa lembrar de quem eles são filhos: dos millenials e da geração X. Essas duas gerações tiveram uma relação profunda com a tecnologia – a X foi marcada pela TV, enquanto os millenials lidaram com os primeiros computadores –, mas não a viram desde que nasceram.

A Geração Beta, além de ser nativa digital, isto é, nascer e crescer familiarizado com a web, também encarará como familiar a Inteligência Artificial (IA). A principal diferença dessa geração para a Alpha – que compreende os nascidos entre 2010 e 2024 – é justamente o domínio dessas ferramentas produzidas a partir da IA, conforme aponta a psicóloga Roberta Takei.

“É uma geração que, quando começar a interagir realmente com as inteligências artificiais, vai fazer isso de uma forma muito natural, quase como se interage com pessoas normais. Isso também tem algumas consequências. Nós ficamos pensando em coisas absurdas, mas eu dou um exemplo mais cotidiano: será uma geração que liga a luz com a Alexa”, define.

Necessidade de reinvenção

Acontece que, apesar de auxiliar na realização de tarefas do dia a dia, a IA não surgiu apenas para isso. Segundo a socióloga Viviane Pires, já há estudos que comprovam que a Inteligência Artificial está redesenhando o modelo de mercado de trabalho. “Ela está ocasionando eliminação de empregos tradicionais, conforme nos aponta os estudos sobre Uberização do trabalho, do sociólogo Ricardo Antunes. Por isso, acredita-se que a Geração Beta precisará se adaptar a esse novo cenário, tendo assim que desenvolver habilidades criativas e colaborativas diferentes das outras gerações”, pontua.

A necessidade de se reinventar, inclusive, será um dilema constante para os Betas. Na visão de Roberta Takei, é dever das gerações anteriores trabalharem com eles a necessidade da interatividade face a face, já que ela tende a se tornar cada vez mais rara. Essa demanda também deve ser resolvida com as gerações Alpha e Z, que foram profundamente afetadas pela pandemia de Covid-19.

“A Beta é uma geração que, apesar de não ter sofrido diretamente os impactos da pandemia, como a Geração Z e a Geração Alpha, será criada e socializará com aqueles que tiveram essa questão. É uma geração que já vai viver no mundo que se moldou para se adequar a esse contexto virtual. Eu acho que vamos ter que ensinar algumas coisas básicas de interações humanas, coexistindo com o virtual”, diz Roberta Takei.

A dona de casa Priscilla Leite, 34 anos, já pensa no trabalho que terá pela frente quando Noah Joaquim nascer. Ela, que está no oitavo mês da gestação, conta que imagina que o filho será mais ‘expert’ do que ela com as ferramentas digitais. “Pelo que observo da geração atual de crianças ligadas excessivamente às telas e tudo que a internet tem a oferecer, tenho a impressão de que a Geração Beta já vai nascer sabendo dessas coisas mais do que a gente. [...] Imagino que, como pais, teremos mais trabalho na educação e no desenvolvimento do caráter do Noah”, fala.

“Acredito verdadeiramente que ter uma família presente e estruturada vai dar a ele uma boa base para saber lidar lá na frente com todos esses cenários. [...] Ele enfrentará  os mesmos dilemas que já existem atualmente em relação à política, ideologias, a resistência em aceitar e respeitar as crenças de cada ser, a violência que só está aumentando e o amor que está esfriando. [...] Imagino que daqui a 15 anos será um mundo mais complexo do que o que já estamos vivendo”, acrescenta Priscilla.

Trabalho e saúde mental

O nível de complexidade do mundo a ser desbravado pela Geração Beta também vai exigir mudanças na relação com o trabalho. Segundo a psicóloga Roberta Takei, o volume de informações e o número de ferramentas à disposição dos Betas exigirá deles a ocupação de novos postos profissionais. Além de cargos para lidar com a IA, automação e Tecnologia da Informação (TI), haverá também a necessidade de trabalhadores ligados ao terceiro setor e que possam assumir a gestão de empresas.

É também missão dos Betas encontrar o equilíbrio entre a vida pessoal, a vida profissional e a saúde mental. “Se essa próxima geração conseguir sem bem-educada no sentido da saúde mental, talvez ela consiga encontrar um pouco de equilíbrio entre trabalhar e se produtivo, mas também conseguir ter uma vida pessoal e criar outras relações interpessoais”, afirma a psicóloga.

Enquanto os millenials eram voltados à ideia de empreender e progredir – e adoeceram nesse processo –, a Geração Z teve que lidar com o subemprego, a precarização do trabalho e os contratos intermitentes, desencadeando, recentemente, uma luta pela redução da jornada de trabalho e a busca pela saúde mental acima de tudo. Para a psicóloga, a Geração Beta agora deve encontrar o meio termo entre as demandas da última geração e a solução para o problema da penúltima. “As gerações que estão vindo têm muito mais informações, são mais politizadas e abertas a questões de saúde mental”, enfatiza.

A ordem de desacelerar

Por outro lado, o alto volume de informações é um outro ponto de adoecimento que pode acometer a atual geração. Roberta Takei alerta para a tendência de comportamento que já tem sido observada na Geração Alpha. “Vemos uma geração que se expressa mais, mas também tem muita dificuldade de lidar com frustração e, às vezes, resolver questões básicas”, fala.

"“Os jovens vêm com um HD infinito, capazes de absorver a informação do mundo, mas o processador é básico. Até porque toda a informação, a tecnologia e a cobrança em torno disso é adoecedor. É uma geração que, talvez, por tentar mergulhar mais nisso, se torna mais frágil”, esclarece."

Roberta Takei

Psicóloga

Para não deixar ser afogado pelas informações e pela pressão para se manter atualizado e conectado, a ordem é de desacelerar. Para isso, é preciso aprender a filtrar a quantidade de informações que recebe e usar a tecnologia de forma positiva. Outro desafio é reconectar-se com as pessoas e com a natureza e trabalhar as emoções, seja através de terapia, trabalhando a dinâmica das relações ou optando por fazer atividades saudáveis para a psiquê.

Entre essas atividades, a religião é uma das opções. Isso porque, há uma tendência de que os Betas sejam mais religiosos, uma vez que as gerações dos pais foram mais transgressoras e liberais. Isso, contudo, não exclui a tendência de uma geração também ativa politicamente. “É uma geração que já vai crescer ouvindo sobre raça e gênero, então vai ter naturalidade quanto a diversidade”, finaliza Roberta Takei.