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Bares da Saúde reduzem cadeiras e mesas nas ruas, mas descartam retirada completa: ‘Geram emprego’

Comerciantes e moradores defendem diálogo em busca de consenso com o MP-BA

  • Foto do(a) author(a) Larissa Almeida
  • Larissa Almeida

Publicado em 10 de novembro de 2024 às 22:29

Largo da Saúde resiste à recomendação do MP-BA de retirada de mesas e cadeiras das vias públicas Crédito: Ana Lucia Albuquerque/CORREIO

Depois de vir à tona o documento do Ministério Público da Bahia (MP-BA) em que consta o pedido da entidade à prefeitura para que notifique, autue e até mesmo casse os alvarás dos estabelecimentos que colocam cadeiras e mesas nas vias públicas, o movimento da boemia no bairro da Saúde se manteve resistente neste domingo (10). A maioria dos bares reduziu a quantidade de mesas disponibilizadas para os clientes, mas os proprietários se recusaram a acatar completamente a recomendação.

Esse foi o caso do Di Janela, um dos estabelecimentos citados no documento do MP-BA. De acordo com Luciano Vasconcelos, proprietário do negócio, o bairro inteiro já mudou a organização espacial para garantir a desobstrução das vias, mas há um consenso de que não haverá a retirada completa das mesas e cadeiras.

“Não só eu, como todos os comerciantes, tirei algumas cadeiras e mesas, mas tirar tudo não pode. A Saúde é um bairro turístico hoje e faz parte do roteiro das pessoas que estão viajando por Salvador. Eu sou totalmente contra essa ação do Ministério Público, porque os bares geram emprego e renda para o bairro, sem falar que contribui muito para a segurança. A Saúde é um dos poucos bairros que têm um índice de assalto quase zero”, disse.

Dono do Bar Esquina, que funciona na Saúde há oito anos, Gerson Junior conta que o movimento já decaiu no final de semana depois que ele retirou cerca de 25 mesas da rua. Agora, ele segue trabalhando com 14 e admite preocupação com a atual situação. “Acaba que, com isso, a gente acaba não tendo o fluxo de funcionamento e renda para poder arcar com os custos dos funcionários. Foi tudo em cima da hora e temos muita conta para pagar, porque fizemos melhorias no bar. Infelizmente, isso aconteceu na hora que não podia”, desabafa.

Bar da Esquina Crédito: Ana Lucia Albuquerque/CORREIO

Segundo Gerson, o bar vai tentar manter o número de funcionários (18), mas não estão descartadas possíveis demissões se a medida do MP-BA se mantiver inalterada. Contudo, no que depender do público assíduo dos bares do bairro, tudo seguirá como antes. Isso porque quem chega para beber ou comer um tira-gosto acaba pressionando os estabelecimentos para que coloquem as mesas nas ruas.

Um casal de produtores de eventos, que aproveitou a tarde deste domingo para curtir em família, defendeu com ênfase a permanência da boemia nas ruas. “Essa proibição é péssima e acaba atrapalhando, na verdade, o lazer do trabalhador. A Saúde foi revitalizada, o comércio agora está dando certo e querem acabar com o local de novo. Isso vai abrir espaço para a marginalidade. Por isso, acho que dá para o órgão alinhar com o comerciante para não atrapalhar o trânsito e o caminho do pedestre”, disseram.

Para o flanelinha Luís André Barbosa, 40 anos, enquanto houver clientes resistentes, os negócios vão bem. O problema, de acordo com ele, é que o movimento já diminuiu. “Eu olho carro aqui e já notei que o fluxo está diferente. Para um domingo à tarde, dia de final de campeonato, isso aqui está vazio”, constatou.

Como resolução amigável, alguns moradores acreditam que é necessário que a Transalvador promova mudanças no bairro, tornando a Rua Jogo do Carneiro e a Jogo do Lourenço mão única. O pedreiro João da Silva, 53 anos, é um dos que apostam nessa solução. “Normalmente, as mesas e cadeiras nas ruas complicam muito essas vias, mas de forma nenhuma o comércio tem que parar. Tem que organizar para que os carros, ambulâncias e viaturas passem, mas o movimento tem que continuar. Sem movimento isso aqui é morto. No passado, já fui assaltado duas vezes, mas agora venho tranquilo para cá”, relatou.

A moradora Valchiria Gama, 55 anos, sugere que haja diálogo entre todos os envolvidos antes de chegar a uma resolução final. “As pessoas precisam saber qual o limite de cada uma. Acho que dá para tirar uma fila de mesa, que não vai fazer falta, mas é como o prefeito disse: precisa haver um consenso”, reiterou.