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Gil Santos
Publicado em 25 de setembro de 2024 às 05:00
Vitória Guimarães, 24, teve o cachorro roubado quando passeava com o animal, na Graça, no sábado (21). Na Pituba, um cachorro foi levado durante um roubo de carro, no ano passado. Ainda em 2023, bandidos invadiram uma casa e levaram dois cães de uma aposentada que morava em Periperi. O roubo de animais é um crime que revolta muita gente e que está diretamente associado às características do animal. Alguns deles podem custar até R$ 15 mil.
A terapeuta canina Letícia Santos explica que as raças menores são as mais visadas pelos bandidos, porque eles temem a reação dos cães maiores durante o assalto. A idade do animal é outro fator que os criminosos observam, porque interfere na capacidade de reprodução. No caso da Graça, por exemplo, o cachorro é um Yorkshire e os bandidos desistiram do crime depois que a tutora gritou que o cão é idoso. Eles abandonaram o animal alguns metros depois.
"A maioria dos roubos é para venda ou reprodução, então, a idade é um fator que pesa muito. Cachorros muito idosos não conseguem procriar, não entram mais no cio e as fêmeas podem morrer durante o parto, por isso, os bandidos preferem os mais jovens", explicou Letícia, que é responsável pela equipe de passeadores da BoraDog.
Raças como Shih Tzu, Lulu da Pomerânia, Maltês, Spitz alemão, Pug, Yorkshire e Bulldog são as mais visadas, porque são de fácil venda, são mais dóceis, atribuem status e têm valor alto no mercado. Um filhote de Lulu da Pomerânia ou de Spitz alemão, por exemplo, pode custar até R$ 15 mil. Letícia coordena uma equipe com nove passeadores e deu algumas dicas.
"A segurança é uma situação complexa, há situações em que não há muito o que fazer, mas a gente pode adotar algumas medidas como evitar passear depois das 19h30, porque o movimento diminui, evitar ruas desertas e preferir locais que tenham policiamento. Um dica é sempre dizer que o animal é castrado, porque isso desestimula a ação dos bandidos", orientou Letícia.
Ela frisou a importância dos passeadores se qualificarem para fazer o serviço e dos tutores exigirem capacitação das pessoas que passeiam com os bichinhos, e disse que é preciso ter paciência e entender a linguagem canina. O médico veterinário e treinador de cães Rafael Ramos concorda que a qualificação é importante e orientou o uso de coleiras com identificação e microchips que podem ajudar na recuperação do animal após esses episódios.
"Depende muito do indivíduo, do cão. Tem cachorros medrosos que não gostam muito de pessoas e que, ao passar por uma situação como essa, ele não entende que foi um assalto, mas é uma ação que potencializa o medo que ele sente. Isso pode ter efeito na socialização desse animal e deixar ele com mais medo de sair na rua ou de pessoas", explicou.
O veterinário frisou que é importante continuar saindo com os cães. "A caminhada é importante para a saúde física e, principalmente, para a saúde mental do cachorro. Por conta da possibilidade de acidentes ou de assaltos as pessoas deixam de sair e isso impacta na saúde dos cães. Não podemos invalidar os passeios, porque há um prejuízo comportamental para o animal", frisou.
Profissionais e tutores contaram que, apesar do registro das ocorrências, o apelo nas redes sociais é fundamental para a recuperação dos animais. Como os cuidadores dos animais, geralmente, participam de grupos com outros pais e mães de pets, a divulgação das informações tendem a ser mais ágeis.
Outra dica fundamental é sempre identificar o animal com uma plaquinha, contendo o telefone do tutor, para caso eles sejam abandonados pelos bandidos ou simplesmente se soltam da coleira. Dessa forma, quem encontrar o bichinho de estimação tem como localizar a família e devolvê-lo.