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Da Redação
Publicado em 16 de abril de 2024 às 06:00
A Bahia só produz 2% do dendê que atende toda a população baiana, de acordo com a presidente do conselho executivo da Associação Nacional das Baianas de Acarajé (Abam), Rita Santos. Esse foi um dos pontos debatidos no ato em defesa do ofício da baiana de acarajé realizado na Assembleia Legislativa (Alba), na segunda-feira (15). As trabalhadoras exigem maior produção estadual do ingrediente essencial para a produção da iguaria.
“Vem de Belém 98% do dendê que a gente utiliza e não é um dendê próprio para nós. Ele é um dendê de commodities, que é para fazer biscoito, pasta de dente e sabonete. O nosso é para comida”, afirma a presidente da Abam.
Há um debate sobre a solicitação de registro do dendê como patrimônio ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), segundo Alcides Caldas, professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e líder do Grupo de Pesquisa Território, Propriedade Intelectual e Patrimônio (Terpi). Mesmo que seja aprovado, “não resolve as questões estruturais de plantio, de assistência técnica, que são tão necessárias para a cultura e permanência do nosso dendê.”
A produção de dendê no estado está concentrada em 28 municípios baianos, mas a falta de políticas públicas dificulta o desenvolvimento pleno de toda a capacidade produtiva da região.
“O nosso problema é o descaso que vem ao longo dos anos. Há quase 30 anos, não há nenhum investimento. Em cada município há um órgão específico para cuidar do cacau, mas para o dendê não tem nada, é cada um por si”, revela a presidente da Abam.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção baiana de dendê, que era de 230 mil toneladas em 2010, caiu para 39 mil toneladas em 2021, ano do último levantamento. Enquanto isso, no mesmo ano, o Pará produziu 2,8 milhões de toneladas, exatamente 98% de toda a produção nacional.
A Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) reconheceu, ao ser procurada pela reportagem ano passado, que a produção baiana de dendê não é suficiente para suprir a demanda do estado, o que vem sendo feito pelo Pará. Por conta disso, a secretaria informou que está investindo, através do projeto Bahia Produtiva, cerca de R$ 4 milhões em ações voltadas ao processamento e beneficiamento do dendê nos territórios Baixo Sul e Recôncavo. O objetivo é “dotar os agricultores familiares e suas organizações produtivas de infraestrutura necessária, com a implantação de unidades modernizadas de beneficiamento e processamento do dendê, para qualificar a produção do azeite”.