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Maysa Polcri
Publicado em 13 de dezembro de 2023 às 07:30
Talvez a graça da vida esteja nos encontros inesperados e nas decisões que abrem portas para universos até então desconhecidos. Em 2003, a professora Bruna Aparecida Souza Machado, 37, deixou a região de Nossa Senhora do Livramento, no interior da Bahia, rumo à capital. A razão da mudança é compartilhada por muitos outros baianos: a vontade de ingressar na universidade. Depois de 20 anos, é reconhecida pela sua trajetória em pesquisa e foi eleita para a Academia Brasileira de Ciências (ABC).
Farmacêutica formada na Universidade Federal da Bahia (Ufba) e pesquisadora por paixão, Bruna Machado não tinha ideia de que faria parte do grupo de cientistas mais reconhecidos do país. A nomeação veio como uma surpresa. Daquelas que fazem o coração acelerar. “Saber que vou ter essa voz representativa da Bahia é muito gratificante. Eu fico ainda mais orgulhosa porque meu nome foi indicado, eu não sabia da minha indicação”, diz. Bruna tomará posse em maio do ano que vem, em uma cerimônia que será realizada no Rio de Janeiro.
A pesquisadora possui cerca de 140 artigos publicados em revistas científicas, além de 230 trabalhos em congressos, dez capítulos de livros escritos e quatro patentes concedidas. Atualmente, Bruna Machado é professora do Senai Cimatec, em Salvador, e pesquisadora do Instituto Senai de Inovação (ISI) em Sistemas Avançados de Saúde. O maior marco de sua carreira até agora aconteceu durante a pandemia da covid-19.
Ela atuou na implantação de um serviço de diagnóstico do Senai, no trabalho com respiradores, utilizados por pacientes com quadros graves, e na internalização da vacina de RNA no Brasil. Tecnologia promissora que é estudada para criar vacinas de outras doenças, como zika, chikungunya e até câncer. As vacinas deste tipo são feitas com um modelo de RNA mensageiro do vírus.
Bruna Machado
Professora eleita para a Academia Brasileira de CiênciasDurante os anos como professora, Bruna Machado formou mais de 140 alunos e viu a participação feminina crescer enquanto trilhava sua própria carreira. “Hoje eu formo outras pessoas e, por sorte, 70% delas são mulheres. Eu tenho muita felicidade de motivar outras mulheres na ciência”, afirma.
A pesquisadora foi eleita como Membro Afiliado para uma das cadeiras de Ciências da Saúde da Academia Brasileira de Ciências. Este ano, as mulheres foram maioria (60%) entre os titulares eleitos. No ano passado, o cientista baiano Jailson Andrade, pró-Reitor de pós-graduação do Senai Cimatec, foi empossado como vice-presidente da instituição.