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Maysa Polcri
Publicado em 4 de dezembro de 2024 às 11:02
Apesar de o número de baianos que vivem em extrema pobreza ter reduzido em um ano, a Bahia ocupa o primeiro lugar no ranking dos estados com mais pessoas vivendo nessa condição no Brasil. Cerca de 1,325 milhão de pessoas são extremamente pobres no estado - o que representa 8,8% da população. Estão abaixo da linha da pobreza aqueles que ganham até R$ 210 por mês, ou seja, vivem com, em média, R$ 7 por dia.
Os dados fazem parte da pesquisa anual Síntese de Indicadores Sociais (SIS), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada nesta quarta-feira (4). Entre 2022 e 2023, segundo o levantamento, o número de pessoas extremamente pobres caiu 26% na Bahia. Cerca de 467 mil pessoas saíram desta condição no período. Mesmo assim, o estado ocupa o primeiro lugar em números absolutos e o 6º na proporção entre os estados.
Mariana Viveiros, supervisora de disseminação de informações do IBGE, avalia que a extrema pobreza tem sido reduzida na Bahia nos últimos anos. Em 2023, atingiu o menor patamar dos 13 anos da série histórica.
“Em 2020, houve uma queda grande da pobreza por conta dos auxílios governamentais disponibilizados durante a pandemia. Em 2021, esses auxílios saem, mas continuamos observando a redução mais significativa dos índices”, explica. Em termos proporcionais, a Bahia, com 8,8%, tem menos pessoas extremamente pobres do que estados como Acre, Maranhão e Ceará.
Márcio Lima é presidente da Central Única das Favelas (Cufa) na Bahia, organização não governamental que realiza projetos sociais de combate à pobreza e está presente em 160 municípios baianos. Ele avalia que é preciso capacitar a população para que as pessoas estejam inseridas no mercado de trabalho e, assim, saiam da linha da pobreza.
“Para além da fome, as pessoas têm necessidade de gerir suas próprias vidas com dignidade. Por isso, fazemos capacitações para que, através do conhecimento, ocorra a emancipação”, diz Márcio Lima. Por mês, são oferecidas 50 vagas no projeto Alimentando Sonhos, em que mulheres têm aulas gratuitas de gastronomia no bairro Areia Branca, em Lauro de Freitas. O programa é uma parceria com a empresa M. Dias Branco.
Lavínia Oliveira, de 27 anos, está desempregada em 2021 e viu no curso uma possibilidade de investir no seu futuro. "Eu já tinha um conhecimento básico de culinária, mas vi uma oportunidade de conseguir empreender no futuro", conta a jovem, que mora em Vida Nova. No ano que vem, ela planeja começar a vender salgados para complementar a renda da família.
Os dados do IBGE revelam ainda que a Bahia tem 46% da população abaixo da linha da pobreza. Isso significa que 6,9 milhões de pessoas vivem com menos de R$ 22,23 diariamente, ou seja, R$ 667 por mês.
“O Brasil não tem linhas oficiais de pobreza monetária. Por isso, utilizamos as linhas estabelecidas pelo Banco Mundial e que são adotadas, pelo Brasil, como critérios para acompanhamento de metas de erradicação da pobreza”, ressalta Mariana Viveiros.
Apesar da redução em relação a 2022, com 668 mil pessoas deixando a pobreza em um ano, a Bahia tem o 2º maior número absoluto de pessoas pobres. O estado fica atrás apenas de São Paulo, que possui 7,8 milhões de habitantes nessa condição.
A Bahia também só fica atrás do estado paulista no número de pessoas contempladas pelo Bolsa Família, programa de distribuição de renda do Governo Federal. Eram 2,4 milhões de beneficiários baianos, em setembro deste ano. O valor médio do benefício é de R$ 673,38 no estado.
A Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte do Estado da Bahia (Setre) foi questionada, através da assessoria de imprensa, sobre quais ações têm sido tomadas contra a pobreza no estado, mas não respondeu até esta publicação.
Entre 2022 e 2023, o número de pessoas abaixo da linha da extrema pobreza em Salvador diminuiu 42,9% - uma redução de 124 mil pessoas. Agora, são 185 mil pessoas extremamente pobres vivendo na capital baiana, o que representa 6,3% da população. Segundo Mariana Viveiros, do IBGE, o resultado de Salvador contribuiu para a redução da pobreza no estado.
Ainda assim, Salvador ocupa o 3º lugar em números absolutos e a 5ª maior proporção de extremamente pobres entre as capitais. Em relação à linha da pobreza, uma a cada três pessoas vivem nessa condição na cidade. Houve redução de 6,4% em um ano, mas 1,006 milhão de pessoas permanecem abaixo da linha da pobreza. A Secretaria Municipal de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre) foi procurada, mas não se manifestou sobre os dados divulgados pelo Ibge.