Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Larissa Almeida
Publicado em 7 de novembro de 2023 às 19:11
A Bahia tem 108.116 pessoas inadimplentes com o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), segundo dados divulgados pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) nesta terça-feira (7). A dívida é contada a partir de 90 dias de atraso na fase de pagamento. Com o total de inadimplentes alcançados, o estado registra um saldo devedor de R$5,3 bilhões, conforme dados do FNDE.
O Fies, que foi criado pelo Governo Federal, é um dos meios de acesso dos estudantes de baixa renda ao ensino superior, uma vez que ajuda os universitários a pagarem as mensalidades de cursos nas faculdades privadas através de um financiamento de até 100%, que deve ser quitado após a formação.
Diante do número total de endividados com o Fies, a Bahia ocupa o terceiro lugar entre os estados com maior número de inadimplentes com o programa. Na primeira posição, está São Paulo, que tem 294.061 pessoas endividadas, enquanto Minas Gerais ocupa a segunda colocação, com 127.741 inadimplentes.
Ao total, o FNDE identificou que 1,2 milhão de estudantes estão inadimplentes no Brasil, totalizando R$51 bilhões em saldo devedor.
Para aqueles que tiveram dificuldade de quitar o débito e acabaram endividados com o Fies, o Governo Federal anunciou as condições da operação chamada de ‘Desenrola da Educação’, que prevê a renegociação de contratos celebrados até 2017 e com inadimplência até 30 de junho de 2023. Os descontos podem chegar a 99% do valor consolidado da dívida e a 100% dos juros e multas por atraso.
Quem estiver inadimplente, deve solicitar renegociação até 31 de maio de 2024 junto ao agente financeiro com o qual tem contrato. A Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil começaram a receber demandas nesta terça-feira por meio das agências físicas e pelo site SifesWeb.
A advogada Larissa Santos, 30 anos, tinha R$94 mil em dívidas com o Fies por causa de um financiamento feito em 2014 para pagar seu curso de Direito. Em renegociação feita nos últimos anos, ela conseguiu fazer com que a dívida baixasse para R$7 mil e vinha pagando parcelas que reduziu o valor em débito para R$2,1 mil. Agora, sua meta é conseguir 99% de desconto na dívida que resta.
“Tenho muita vontade de conseguir quitar o meu financiamento, sentir o alívio de saber que minha faculdade está paga e, com isso, ter meu nome limpo. Hoje, depois dessas oportunidades, acredito que fiz um bom negócio. Estudar no Brasil é caro demais e são essas oportunidades que nos dão o privilégio de conseguir ingressar no nível superior, mas logo quando saí da faculdade, sem emprego e na pandemia, confesso que o tamanho da dívida me assustou”, conta.
Assim como Larissa, o publicitário Adriel Franco, 28 anos, também vê na operação do ‘Desenrola da Educação’ a chance de quitar cerca de R$12 mil de débito com o Fies, relativo ao contrato celebrado em 2015, ano de seu ingresso na faculdade. Segundo ele, a pandemia foi o grande fator que contribuiu para a complicação na sua vida financeira.
“Eu trabalho com eventos, então, quando veio a pandemia, parou tudo e eu acabei ficando sem trabalho. O pouco que eu recebia na época era para poder pagar as outras dívidas mesmo. Isso foi acumulando e acabou virando uma bola de neve, até hoje não consegui pagar. Mas tenho intenção de pagar essa dívida com essa renegociação. Até me animou quando começou a circular a notícia”, diz.
*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro