Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Larissa Almeida
Publicado em 7 de janeiro de 2025 às 16:14
A Bahia registrou 220 denúncias de racismo e injúria racial e étnica ao longo do ano de 2024. O número de ocorrências foi o quarto maior do país, de acordo com dados do Painel de Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, ferramenta vinculada ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.
Ao total, 154 baianos denunciaram casos de discriminação racial e étnica pelo Disque 100 no último ano. O número total de denunciantes é menor do que o de denúncias porque uma só pessoa pode fazer mais de uma denúncia. Na mesma linha, uma mesma denúncia pode conter mais de uma violação. Em 2024, foram computadas 350 violações por injúria racial e racismo.
A Bahia só ficou atrás de três estados no que diz respeito ao número de denúncias desses dois crimes: Minas Gerais (475), Rio de Janeiro (609) e São Paulo (1.149). Ainda não há dados referentes ao ano de 2025, mas o estado dos baianos já computou o primeiro caso de ampla repercussão.
Trata-se da enfermeira Camilla Ferraz Barros, que foi demitida do cargo de gerente de operações do Hospital Mater Dei Salvador após ser denunciada por cometer racismo contra uma funcionária da loja Petz, no bairro de Imbuí, no último sábado (4). Em uma discussão – gravada e amplamente divulgada nas redes sociais – a profissional de saúde aparece chamando a gerente da unidade de "petista, baixa e preta".
É direito constitucional que todos sejam tratados como iguais, sobretudo perante a lei. O mesmo vale para aqueles que a defendem, embora não tenha sido isso que ocorreu em Riacho de Santana, município localizado no sudoeste da Bahia. No dia 27 de dezembro, uma mulher de 24 anos, que estava envolvida em uma confusão, foi afastada da briga por policiais. Na ocasião, ela chamou um deles de “negro safado” e “macaco fedido”. Ela foi presa em flagrante.
A dentista Nayane Barreto, mãe de um menino de 6 anos, compartilhou que o filho vítima de racismo em uma escola particular de Feira de Santana. Segundo Nayane, a mãe de uma aluna acusou o menino de ter pegado o brinquedo da filha dela, mesmo após ele ter negado. Quando o menino relatou que, na verdade, um colega de ambos estava com o objeto, a mulher teria dito: "Escurinho tudo se parece". O caso ocorreu no início de dezembro.
No dia 19 de novembro, uma estudante do curso de Fonoaudiologia iniciou xingamentos a quem passava pelo Pavilhão de Aulas do Canela (PAC), na Universidade Federal da Bahia (Ufba). A agressora teria dito a um estudante negro que ele "deveria voltar para o navio negreiro para receber chicotadas" e "agradecer" aos colonizadores por trazerem os negros ao Brasil. Além disso, uma estudante transexual também teria sido alvo de transfobia da acusada, sendo chamada de "marginal de saia". Ela foi presa.
O médico obstetra Luís Leite foi condenado, em outubro do ano passado a quatro anos e dois meses de prisão pelo crime de injúria racial. Segundo o processo, ele afirmou que uma servidora de uma clínica, que é uma mulher negra, era bonita "por ter sangue branco". Apesar da condenação, em novembro ele recebeu habeas corpus e responde o processo em liberdade.
Uma mulher foi presa em flagrante por injúria racial na noite do dia 12 de setembro de 2024, no circuito Barra-Ondina (Dodô). Segundo a Polícia Civil, ela é acusada de chamar outra mulher de acusada de chamar outra mulher de ‘macaca’.