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Maysa Polcri
Publicado em 18 de julho de 2024 às 10:47
Pelo terceiro ano consecutivo, a Bahia é o estado com o maior número de mortes violentas intencionais do Brasil. Foram 6.578 ocorrências registradas no ano passado, segundo a 18º edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgada nesta quinta-feira (18). A Bahia, que é o quarto estado mais populoso do país, registrou mais mortes violentas do que São Paulo e Minas Gerais juntos - os estados do sudeste são os dois com mais habitantes do Brasil.
A pesquisa, realizada anualmente, lança luz para que os que baianos sentem todos os dias: a violência que assola a população. Entre os crimes violentos que entram na contagem do estudo estão: homicídios dolosos, latrocínios, lesão corporal seguida de morte e feminicídio. Se em número absolutos a Bahia lidera o ranking nacional, a taxa de mortes violentas é a segunda maior do país.
As 6.578 ocorrências registradas representam 46,5 mortes violentas a cada 100 mil habitantes. A Bahia só fica atrás do Amapá, que tem a maior taxa do país: 69,9. A média nacional é de 22,8. Entre 2022 e 2023, a Bahia teve uma ligeira redução do número de mortes violentas intencionais. Foram 6.663, em 2023 - cinco mortes a mais que no ano passado. Em 2021, haviam sido 7.069.
Renato Sérgio Lima, presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que realiza a pesquisa, explica que as mortes violentas estão relacionadas, em sua maioria, ao tráfico de drogas. “As disputas de facções movimentam a engrenagem de boa parte das mortes que acontecem no país. Elas se concentram em cidades muito estratégicas para a economia do crime, como próximas de portos e rodovias. É o caso de Jequié, que aparecia em primeiro lugar em mortes violentas, no ano passado, e caiu para a terceira posição”, diz. A letalidade policial também entra na conta: foram 1.699 pessoas mortas em ações das forças de segurança no estado.
Das 10 cidades com as maiores taxas de mortes violentas registradas no Brasil, seis são baianas. São elas: Camaçari (90,6), Jequié (84,4), Simões Filho (75,9), Feira de Santana (74,5), Juazeiro (74,4) e Eunápolis (70,4).
Neste ano, o Atlas da Violência apontou Jequié como a cidade mais violenta do país. Vale destacar que a metodologia das pesquisas são diferentes. Enquanto o Atlas consolida dados do DataSUS, que compila informações sobre os locais das mortes, a base de pesquisa do Anuário Brasileiro são os boletins de ocorrência fornecidos pelos estados.
Assim como aconteceu na Bahia, o número de mortes violentas reduziu no Brasil. A queda foi de 3,4% nacionalmente. No ano passado, o país registrou 46.328 mortes violentas intencionais, o que representa uma taxa de 22,8 ocorrências a cada 100 mil habitantes. O Nordeste continua liderando o ranking das regiões brasileiras: a taxa de mortes é 60% maior do que a média do país.
Os estados mais populosos do país, São Paulo e Minas Gerais, registraram 3.481 e 3.044 mortes, respectivamente. Juntos, os estados do Sudeste tiveram 6.535 ocorrências - 53 a menos do que as mortes violentas na Bahia. A Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP) disse, em nota, que investe, de forma constante, na capacitação das forças de segurança. A pasta reforçou ainda que o estado registrou redução de 13% nas mortes violentas no primeiro semestre deste ano. Veja a nota completa abaixo.
A Secretaria da Segurança Pública da Bahia destaca que são constantes os investimentos em tecnologia, inteligência, equipamentos, capacitação e reforço dos efetivos, com o objetivo de combater as organizações criminosas que violentam as comunidades. As forças de segurança atuam com rigor, dentro da legalidade e com firmeza contra grupos criminosos envolvidos com tráficos de drogas e armas, homicídios, roubos e corrupção de menores.
O estado apresenta uma expressiva redução de 13% nas mortes violentas no primeiro semestre de 2024. Os meses de maio e junho deste ano foram os que tiveram menos mortes violentas desde a série histórica, iniciada em 2012.
Já nos últimos 18 meses, as ações de inteligência e repressão qualificada resultaram nas prisões de 27 mil criminosos, na localização de 88 líderes de facções, e nas apreensões de 9 mil armas de fogo, entre elas 95 fuzis.