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Gilberto Barbosa
Publicado em 2 de outubro de 2024 às 05:00
Quem comprou azeite de oliva nos últimos 12 meses sentiu o bolso cada vez mais apertado nas idas ao mercado. A impressão não é incorreta, já que o produto teve uma alta média de 39,95% em Salvador e Região Metropolitana entre setembro de 2023 e agosto de 2024, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A variação foi a segunda maior do período, atrás apenas da batata inglesa, que aumentou 51,46%.>
A supervisora de disseminação de informações do IBGE, Mariana Viveiros explica que a alta é causada pela redução na safra de azeitonas, matéria-prima do azeite de oliva, em países como Espanha, Itália e Portugal que enfrentaram problemas de colheita em 2022 e 2023. O Brasil é o segundo maior importador do óleo no mundo.>
“Esses países tiveram dificuldades devido ao calor intenso e a falta de chuvas, causando uma redução na produção do azeite que ficou mais caro para os importadores, com o aumento chegando para o consumidor. Esses problemas se amenizaram um pouco recentemente, mas ainda não foi o suficiente para a recuperar as perdas dos anos anteriores”, afirmou.>
No acumulado de 2024, os preços aumentaram 19,78%, com queda de 0,61% em agosto. A redução é a primeira registrada desde março de 2023, quando o valor do azeite caiu 1,49%. Para Mariana, é necessário entender se a baixa é algo pontual, avaliando a tendência para os meses seguintes.>
“Existe um outro fator de mercado: quando o preço de um produto sobe muito, de forma seguida, é comum chegar a um patamar tão elevado que as vendas começam a cair. Com isso, há uma reacomodação do valor com o objetivo de reduzir eventuais prejuízos para os vendedores. Além disso, é importante lembrar que foi uma queda pequena e que os aumentos acumulados continuam bem significativos”, finalizou. >
Uma pesquisa feita pelo CORREIO no aplicativo Preço da Hora Bahia, que monitora as taxas cobradas nos mercados da capital identificou uma variação dos preços do azeite, com a garrafa de 500ml custando entre R$16,99 e R$59,99. Uma comparação com os valores aplicados em setembro de 2023 mostra um reajuste de até 47,6% nos produtos.>
Entre as três marcas mais vendidas no estado, o preço médio da garrafa de 500 mililitros (mL) de azeite extra virgem da marca Borges, por exemplo, variou de R$31,28 em set/23 para R$46,19 neste ano, um reajuste de 47,67% em 12 meses. Uma embalagem de 500mL da marca Andorinha registrou um aumento de 37,3% no mesmo período, variando de R$36,81 para R$50,54. Já o modelo do mesmo volume da marca Gallo subiu 30,8%, saindo de R$37,07 para R$48,49.>
As mudanças afetaram a rotina de alimentação da presidente da Associação das Donas de Casa da Bahia (ADCB) Selma Magnavita, que usava o azeite de forma constante na cozinha. “Eu sempre colocava um fio de azeite em quase todos os pratos. Mas passei a restringir o uso apenas para as saladas, porque está muito caro”, falou. >
Já a professora de inglês Heloísa Abrantes relata que diminuiu a quantidade usada para reduzir a frequência de compra do produto, o que ajuda na economia com os outros itens do mercado. “Como faço o azeite durar mais de um mês, consigo me programar para economizar em outros produtos ou evitar pequenas regalias nas épocas que preciso comprar uma nova garrafa”, disse. >
A consultora gastronômica Luísa Leite precisou reduzir o uso do alimento na sua residência com o aumento dos gastos. “Eu sempre busquei comprar marcas diferentes que acredito que tenha qualidade, mas ainda assim os preços continuam caros. Uma garrafa de 500 mL está quase R$60 e o litro do azeite é quase R$100”, contou. >
*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro >