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Artigo de luxo? Entenda o que está por trás da alta do preço do cacau

No período que antecede a Páscoa, condições climáticas interferem na produção

  • Foto do(a) author(a) Maysa Polcri
  • Maysa Polcri

Publicado em 12 de março de 2024 às 05:30

Cacau valoriza 56% antes da Páscoa
Cacau valoriza 56% antes da Páscoa Crédito: Agência Brasil/EBC

Plantar cacau está mais rentável para produtores do sul e oeste da Bahia. Nos dois primeiros meses deste ano, o produto teve valorização de 56% no mercado internacional e a tonelada atingiu o valor de US$ 7.445 na bolsa de valores em plena entressafra. Em 22 de janeiro, a mesma quantidade de cacau valia US$ 4.761. A notícia anima quem trabalha na lavoura, mas alta do produto deve pesar no bolso dos consumidores na Páscoa.

Como quase tudo na economia, entender a valorização do cacau depende da regra básica entre oferta e procura. Se o produto é escasso e a demanda grande, os preços aumentam e quem tem mais dinheiro sai na frente. É justamente o que acontece com o cacau: enquanto países como a China aumentam interesse pelo chocolate, no continente africano a produção não é a mesma.

Condições climáticas desfavoráveis e o La Ninã de do início do ano passado prejudicaram as lavouras dos maiores produtores de cacau, Costa do Marfim e Gana, como explica Henrique Oliveira, coordenador da Agência de Internacionalização e Exportação da Universidade Salvador (Unifacs).

“O La Ninã trouxe muita chuva para a costa ocidenteal africana e houve uma queda de 2,7% da quantidade de cacau ofertada no ano passado. Além disso, tem o vento Harmattan, que é seco e com bastante poeira, e atingiu a região. Isso tudo atingiu a produção de cacau e impactou o preço, que está alto como não se via há cinco décadas”, diz o professor, que faz parte do Consórcio Cabruca de Exportações de Chocolates Finos do Sul da Bahia.

Enquanto o arroba do cacau comum é vendido por R$ 460 na Bahia, a mesma quantidade de cacau fino chega a custar R$1.500. “O cacau fino tem mais custo de produção e a produtividade é igual ao do cacau normal. O valor agregado também é superior, por isso, o momento representa uma oportunidade para os produtores investirem nesse mercado”, acrescenta o professor. Os chocolates finos são feitos a partir do cacau selecionado e com grãos de melhor qualidade.

Para os pequenos chocolateiros do sul da Bahia, por outro lado, o momento é de tensão. Com a matéria-prima mais cara, eles já se planejam para reduzir a margem de lucro para não repassar o aumento de preço aos consumidores dos chocolates artesanais. O medo é que os produtos deixem de ser competitivos no mercado. Uma barra de 80g de chocolates produzidos na região custa, em média, entre R$ 18 e R$ 26.

“O nosso produto é diferenciado e já tem um valor maior do que os chocolates industriais. A grande indústria tem condições de absorver a alta do preço do cacau, mas isso pode representar uma ameaça para os pequenos produtores, que não podem repassar todo o aumento de preço para os consumidores”, diz Gerson Marques, presidente da Associação dos Produtores de Chocolate do Sul da Bahia (Chocosul).

As previsões internacionais não apontam para uma melhora da situação. Na comparação com a temporada de 2022/2023, a oferta global de cacau deve diminuir quase 11% na próxima safra, de acordo com a Organização Internacional do Cacau (ICCO). Paralelo a isso, o oeste baiano desponta com a produção irrigada de cacau.

Antônio Lavigne de Lemos é chocolateiro e produtor de cacau na Fazenda Alegrias, uma das pioneiras no cultivo de cacau em Ilhéus. Ele é um dos que enfrenta o dilema de aumentar ou não os preços do chocolate. "Para os produtores é um momento positivo, mas para os chocolateiros são muitas dificuldades. Hoje, o preço do meu produto varia entre R$ 18 e R$ 25. Se o quilo do cacau dobrou de valor, a barra de chocolate deveria dobrar, mas será que esse produto teria sairia da prateleira?", questiona Antônio, que ainda não estimou o aumento dos seus chocolates nesta Páscoa.