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Arquidiocese e irmandade do Bonfim não chegam a acordo

Uma terceira audiência de conciliação foi marcada para o próximo dia 10 de junho

  • Foto do(a) author(a) Gilberto Barbosa
  • Gilberto Barbosa

Publicado em 13 de maio de 2024 às 15:33

Audiência de conciliação entre Arquidiocese e irmandade do Bonfim
Audiência de conciliação entre Arquidiocese e Irmandade do Bonfim Crédito: Gilberto Barbosa/CORREIO

Realizada na manhã desta segunda-feira (13), a segunda audiência de conciliação entre a Arquidiocese de Salvador e a Devoção do Senhor Bom Jesus do Bonfim terminou sem um acordo entre as partes. Um terceiro encontro foi marcado para o dia 10 de junho.

A sessão desta segunda-feira foi mediada pelo desembargador Jorge Barretto, relator do processo, e pela procuradora Cleonice de Souza Lima, representante do Ministério Público (MP). A conciliação busca encerrar o processo, iniciado em setembro de 2023, por membros da Devoção que questionam a interferência da Arquidiocese nas atividades administrativas da Igreja.

No mês anterior, o arcebispo de Salvador cardeal Dom Sérgio da Rocha determinou uma intervenção na Irmandade e decretou o afastamento do juiz da congregação Jorge Nunes Contreiras, após meses de disputas internas entre o magistrado e o reitor da basílica, o padre Edson Menezes. A intervenção também decretou o afastamento da mesa diretora da Irmandade e convocou novas eleições, realizadas em outubro, e que elegeu um novo juiz e novos diretores para um mandato de três anos.

Para o advogado da devoção Eduardo Carrera, o ato do cardeal vai de encontro ao regimento interno da irmandade. “Nós só queremos que as normas sejam respeitadas. A igreja é uma entidade privada e os estatutos da devoção proíbem qualquer tipo de interferência da Arquidiocese em assuntos administrativos. Esses casos são resolvidos pela mesa diretora, formada por 33 integrantes”, afirma.

Já o advogado da Arquidiocese Otoney Alcântara diz que a intervenção está prevista no regimento, permitindo a ação do arcebispo na intervenção de disputas entre os membros da igreja. “Houve uma comissão de conciliação para que as partes pudessem conversar, mas não houve sucesso nas tratativas, culminando na intervenção. O interventor convocou novas eleições, com participação de 75% dos associados, o que legitima a nova mesa diretora”, explica.

Ainda de acordo com Otoney, o cardeal Dom Sérgio se ofereceu para participar das sessões. Ele não pôde comparecer à audiência des segunda devido aos compromissos religiosos. Na reunião foi proposta a criação de uma comissão formada por integrantes da devoção, da arquidiocese e do MP para conversar com o arcebispo. A sugestão foi aceita pelas partes e o encontro acontecerá no dia 28 de maio.

“Nós acreditamos que o cardeal não foi exposto à nossa versão. Não há um motivo que embase essa decisão de Dom Sérgio. A devoção fazia um trabalho de corrigir os erros das gestões anteriores”, relata Eduardo.

Os representantes da Arquidiocese propuseram a criação de uma comissão com a presença do MP, do cardeal e de até três integrantes de cada lado para dialogar sobre o litígio. A proposta foi aceita pela devoção. A reunião não terminou com a assinatura de um acordo, porém, as partes se mostraram otimistas quanto a possibilidade de resolução do processo na sessão do dia 10 de junho.

"Essa é uma questão que deveria ser resolvida através da conciliação e do bom senso, porque o que está em jogo é a religiosidade do povo baiano. A situação não vai para frente se só uma das partes sair ganhando. Temos que ter como norte, a solução dessa questão em prol da sociedade.”, conta o desembargador Jorge Barretto, relator do processo.

“Eu acho que a audiência foi muito positiva, porque ela abre o diálogo e abre a possibilidade da solução dessa questão, que é uma solução fundamental. O Senhor do Bonfim é um símbolo da religiosidade baiana, abarcando inclusive outras religiões. A resolução desse conflito de maneira pacífica e com diálogo é bom para todos”, conclui Otoney

“Nós sempre dizemos que não existe briga boa e que uma conciliação sempre é a opção. O cardeal já sinalizou que deseja conciliar porque essa briga não é boa e traz prejuízo tanto para a arquidiocese, como para a igreja do Bonfim. Na próxima reunião, nós vamos estar pessoalmente com o cardeal tentarmos chegar a um denominador comum e pôr fim a essa briga”, finaliza Eduardo.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro