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Arquearia Zeferina: projeto leva aulas de tiro com arco para a periferia de Salvador

Projeto realizado na Barragem do Cobre, em Pirajá, já conquistou medalhas em competições nacionais e regionais

  • Foto do(a) author(a) Gilberto Barbosa
  • Gilberto Barbosa

Publicado em 8 de abril de 2025 às 05:15

Anderson Nascimento coordena o projeto desde 2022
Anderson Nascimento coordena o projeto desde 2022 Crédito: Marina Silva/CORREIO

Há cerca de quatro anos, um jovem de 23 anos chamava a atenção do público que acompanhava os Jogos Olímpicos de Tóquio. Apesar do bigode marcante, o que se destacava era a sua habilidade no tiro com arco. Seu nome era Marcus Vinicius D’Almeida e, apesar de não ter conseguido medalha, atraiu novos olhos para o esporte.

Cria de um projeto social da cidade do Rio de Janeiro, o arqueiro se consolidou como um dos principais atletas do mundo na modalidade. No último mês de setembro, ele esteve em Salvador para o Campeonato Brasileiro de Tiro com Arco, onde conheceu os jovens do Arquearia Zeferina (@ctaz.oficial), projeto social realizado na Barragem do Cobre, em Pirajá.

O projeto foi criado em 2019 pelo arqueiro Paulo Merlino. Ele conta que realizava aulas de arquearia no Parque da Cidade, quando a guarda do local proibiu as atividades. Com isso, ele procurou diversos locais pela cidade para dar aulas do esporte de forma gratuita. Um deles foi o Parque São Bartolomeu, onde o Zeferina foi criado.

“Eu sempre gostei de ensinar o tiro com arco, sem cobrar nada. Sempre fui da linha de que o esporte é um dos meios de incluir as pessoas e trazer saúde, além de ensinar a lidar com a derrota e com a vitória. Eu não queria parar de levar o esporte para outros lugares. Então, a proibição me motivou a criar dois projetos, no Colégio Serra Vale e no Parque São Bartolomeu”, diz Paulo.

O projeto se mudou para o Parque Pirajá em 2021. A intenção de Paulo era, além de dar as aulas de tiro com arco, formar instrutores que pudessem tocar os projetos de forma independente. No Arquearia Zeferina, essa responsabilidade ficou com Anderson Santos, que assumiu a função de coordenador em 2022.

O primeiro contato com a ação foi em 2021, quando seu filho, na época com 13 anos, começou a praticar o esporte. Ele conta que não tinha a intenção de participar das atividades, até que um incidente durante uma competição o levou ao tiro com arco.

“Teve uma competição no parque e um líder comunitário tentou impedir que ela acontecesse. Eu vi meu filho chorando e intervi para que tivesse o torneio. Isso abriu meus olhos para o arco e flecha como uma possibilidade de ajudar as crianças do bairro e usar o esporte para mudar a cabeça delas. Com isso, comecei a treinar e poucos meses depois surgiu a oportunidade de me formar como instrutor”, lembra.

Projeto Arquearia Zeferina por Marina Silva/CORREIO

As aulas acontecem às terças e quintas, das 14h às 16h, e nos sábados, das 8h às 12h. Atualmente, 22 alunos participam das atividades. Durante esses três anos do projeto, o Zeferina acumula participações em competições nacionais e regionais, com títulos em todas as categorias.

“Temos três meninos que são campeões brasileiros, alguns adultos se destacando com títulos do Nordeste. Um deles, Emanuel, tem 12 anos e é bicampeão brasileiro da categoria. Ele foi convocado para treinar com a seleção brasileira, mas acabou se lesionando e não pôde ir por isso”, conta.

Para bancar os custos, o Zeferina realiza aulas experimentais na Barragem do Cobre. Além disso, os instrutores pedem apoio de comerciantes para ajudar a pagar a inscrição dos jovens nos campeonatos. O projeto também conta com apoio da Federação Baiana de Tiro com Arco, que disponibiliza parte dos equipamentos.

“Nesse ano, os meninos foram contemplados no Bolsa Esporte Estadual e outros no Bolsa Atleta Municipal. Isso vai dar uma melhorada porque já são menos oito meninos que teremos que correr atrás de dinheiro para pagar as inscrições. Além disso, é um valor com o qual eles podem ajudar a família em casa”, fala.

Ainda assim, Anderson diz que o principal sucesso do projeto não está nos resultados, mas no reconhecimento dos pais dos alunos e da comunidade. “O mais importante é ver os meninos que estavam se envolvendo em um caminho errado e eu consegui trazer eles para o esporte. Alguns deles nem estão comigo, mas só de me ver passar e a família dele me agradecer por ter salvado a vida dele, é muito gratificante. O bom é ver o quanto posso ajudar as crianças daqui do bairro”, finaliza.

*Com orientação do editor Miro Palma