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Millena Marques
Publicado em 24 de janeiro de 2025 às 13:20
Quem passou pelo Porto da Barra nesta sexta-feira (24) notou algo diferente: o número de kits (sombreiro e cadeiras) foi reduzido na faixa de areia entre o Forte São Diogo e o Forte de Santa Maria. Isso porque os barraqueiros cumpriram o acordo de limitação, feito com a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop) na última quinta-feira (23). A nova medida, no entanto, gerou controvérsias. >
A principal questão envolve a quantidade de cadeiras e sombreiros que cada permissionário deve utilizar de forma obrigatória. Foi estabelecido que cada barraca forneça, no máximo, 30 cadeiras e 10 sombreiros. Antes do acordo, os barraqueiros utilizavam a quantidade exigida pela demanda. >
"Temos que acatar, porque isso pode ir para o Ministério Público e acabar com o comércio no Porto da Barra, mas a população vai fazer queixa porque vai chegar pedindo cadeira, e não vamos ter para oferecer", disse Afonso Alban, 61 anos, presidente da Associação dos Barreiros do Porto da Barra. >
A decisão de limitar a quantidade de kits distribuídos na faixa de areia aconteceu após um banhista viralizar nas redes sociais com um vídeo no qual faz críticas à utilização do espaço. Segundo ele, a praia estaria sendo privatizada por causa do excesso de cadeiras, que são alugadas pelos barraqueiros.>
Ilma Bonfim, 61 anos, trabalha com Afonso na barraca de praia do Porto há sete anos. Segundo ela, nenhum banhista foi impedido de colocar a canga na praia. "Eu tenho consciência que a areia é pública. Jamais disse para um banhista não colocar a canga dele na areia", disse Ilma. >
Há banhistas, em contrapartida, que aprovaram a reformulação. É o caso de Ed Matos, 41, empreendedor baiano que mora em Paris há 18 anos, mas passa o verão em Salvador todos os anos. "Eu curto. Dá menos agonia, menos estresse. Eu particularmente gosto de espaço. Não gosto de ver só cadeira, sombreiro e gente. Já peguei tempo aqui que não tinha onde sentar ou para onde circular. Me dá a impressão que estou em Ipanema, com aquela agonia toda", disse. >
A paulista Victoria Marques, 23, compartilha da mesma lógica do baiano. "Eu acho melhor porque acaba tendo mais espaço para circular. Senão, fica uma praia superlotada e as pessoas acabam não aproveitando tanto", afirmou.>
A Semop foi procurada após as reclamações dos barraqueiros, mas não havia respondido até a publicação desta matéria. >
A Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop) definiu novas regras para o uso da faixa de areia do Porto da Barra, entre o Forte São Diogo e o Forte de Santa Maria, pelos barraqueiros. A reunião com 30 representantes dos permissionários aconteceu na manhã desta quinta-feira (23). >
“Esse trabalho é fundamental para garantir o equilíbrio entre a geração de renda dos trabalhadores e o uso organizado do espaço público. Nosso objetivo é sempre atender ao interesse coletivo, promovendo melhorias constantes para todos”, destacou o diretor da Semop, Alysson Carvalho.>
Dentre as novas regras, estão incluídas:>
• Delimitação de espaço: Cada permissionário terá sua área de atuação organizada para evitar ocupação desordenada;>
• Equipamentos e produtos: Quantidade e tipos permitidos foram padronizados, visando a segurança e a estética do local;>
• Horários de funcionamento: Estabelecimento de horários adequados para um melhor uso do espaço público;>
• Atendimento ao público: Reforço na qualidade do atendimento, com orientações específicas para os permissionários e garçons;>
• Regularização fiscal: Esclarecimentos sobre licenciamento e alvarás, promovendo a legalização das atividades.>