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Maysa Polcri
Publicado em 6 de novembro de 2024 às 14:37
No ano passado, o investigador Léo Magno precisou percorrer três emergências de hospitais de Salvador para conseguir ser atendido por um médico. Na época, o baiano teve um aumento súbito de pressão e achou que fosse morrer. O motivo para as recusas seguidas foi o paciente ser beneficiário do Planserv - o serviço de saúde dos servidores estaduais. As opções de atendimento vão ficar ainda mais restritas a partir de quinta-feira (7).
A data corresponde ao início da suspensão de atendimentos emergenciais no Hospital da Bahia, na Pituba, para beneficiários do Planserv. Apesar de as negativas na porta da emergência já serem conhecidas, a decisão foi oficializada pela unidade de saúde. Quem depende do plano, observa com apreensão a diminuição de opções. Em agosto de 2023, o Hospital da Bahia não foi o único a negar atendimento a Léo Magno.
Além dele, o Hospital Santa Izabel, em Nazaré, e o Hospital Português, na Graça, fecharam as portas para o servidor estadual. "É lamentável, o plano do Governo do Estado é destruir o Planserv. Os melhores médicos não atendem mais a gente", desabafa. Léo Magno mora em Lauro de Freitas e tinha como opção o Hospital Aeroporto, que foi descredenciado. "Agora, preciso ir para Cajazeiras para ser atendido", fala sobre Hospital Prohope.
O Hospital da Bahia diz que tentou negociar com o Planserv, mas que as partes não chegaram a um acordo. "Informamos que após meses de tratativas para solucionar um equilíbrio econômico, não foi possível chegar a um acordo e fez-se necessária uma alteração contratual", pontua a instituição. O CORREIO apurou que o hospital está em processo de aquisição por outro grupo nacional.
Presidente da Associação de Hospitais e Serviços de Saúde do Estado da Bahia (Ahseb), Mauro Adan reiterou a importância das duas instituições, mas afirmou não poder entrar em detalhes sobre a interrupção do vínculo. "Não é normal [a descontinuação da relação]. Eu considero que qualquer relação de natureza comercial que tenha sido interrompida, as partes precisam avaliar o motivo disso. Cada instituição tem uma forma de atuar no mercado e tem parcerias com alguns planos de saúde e outros não. É importante que o cidadão procurar aonde e o que o plano atende", declarou.
A professora aposentada Maria Souza, beneficiária do Planserv, esteve pela última vez no Hospital da Bahia há três meses. Ela foi acompanhar a mãe em um procedimento. "Eles já não estavam atendendo a emergência. Minha mãe conseguiu ser atendida porque estava com um relatório médico e a equipe já estava esperando dentro do hospital", conta. "A suspensão é muito ruim. Ficamos com cada vez menos opção e o sentimento é de insegurança", lamenta.
Segundo o governo do estado, os beneficiários que deram entrada no Hospital da Bahia pela emergência e que se encontram assistidos no momento não terão descontinuidade no atendimento. Desde junho, o Planserv conta com um hospital de atendimento exclusivo do convênio, localizado em Brotas. A unidade terá a abertura de 150 leitos antecipada para atender a demanda.
Beneficiários denunciam que têm enfrentado dificuldades para agendar consultas e exames através do plano. O filho de Maria Souza lesionou o braço há cinco semanas, e a família não conseguiu agendar sessões de fisioterapia. "Precisei pagar consultas de R$130 porque o Planserv está péssimo, não temos opções", diz. O jovem vai precisar ser assistido por três meses.