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Maysa Polcri
Publicado em 27 de novembro de 2024 às 15:11
Até parecia o trecho de uma cidade fantasma, mas o cenário era a Baixa dos Sapateiros, em Salvador. Na manhã desta quarta-feira (27), quase todo o comércio da Avenida Joaquim José Seabra estava fechado. Um casarão antigo desabou durante a noite de terça (26), e a via precisou ser interditada. Com o movimento de clientes quase inexistente, comerciantes estimam prejuízo de até R$10 mil.
As expectativas para as vendas eram boas nesta semana. A aproximação da black friday, nesta sexta-feira (29), o recebimento do 13° salário e o Natal cada vez mais perto. Tudo levava a crer que o faturamento iria aumentar, porém as chuvas fora da média que atingiram Salvador destruíram os planos dos comerciantes da Baixa dos Sapateiros.
O movimento, que já estava fraco desde sábado, ficou ainda pior com o desabamento de uma estrutura antiga. O dono de uma loja de sapatos estima prejuízo de R$10 mil no fechamento das contas de novembro. Ele, que mora na Boca do Rio, até cogitou não trabalhar nesta quarta (27), mas a esperança falou mais alto. "Espero que pare de chover para o movimento ser um pouco melhor. Esses dias têm sido muito ruim", comentou. Enquanto conversava com a reportagem, enxugava a entrada da loja com um pano de já encharcado.
Na loja de tecidos em que Luzineide Maria é gerente, a média de faturamento diário é R$1 mil. Nos últimos dois dias, no entanto, o valor reduziu para R$150. "Para manter a loja e fechar as contas no final do mês, seria preciso vender R$1 mil. Com a chuva e a rua interditada, é impossível", lamentou. Durante toda a manhã, Luzineide e uma colega limpavam a loja, que foi atingida pela água.
O casarão que desabou é um prédio comercial, e ninguém se feriu durante a ocorrência. Edificações vizinhas foram evacuadas e as famílias estão recebendo suporte de equipes da Secretaria de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre). Segundo a Defesa Civil de Salvador (Codesal), o nível de chuva na capital já é o dobro do esperado. O registro em algumas localidades ultrapassou 319 mm, enquanto a média histórica é de 108 mm.
Duas lojas que precisaram ser fechadas devido ao risco de outro desabamento pertencem Valdevino Moreira. Até o início da tarde, ele não tinha informações sobre quando poderia voltar a trabalhar. Segundo ele, os comerciantes já haviam notado o risco de desabamento. Cada dia com as portas da loja fechadas representam prejuízo de R$1 mil.
"Ontem, nós estávamos passando pela avenida normalmente. Passei ao lado do casarão duas vezes, e já dava para ver as rachaduras. Graças a Deus não desabou em cima das pessoas ou seria uma tragédia ainda maior", disse. Valdevino, que trabalha na região há mais de 20 anos, avalia que o movimento de clientes na Avenida Joaquim José Seabra tem reduzido significativamente com o passar dos anos. "Vender aqui já não é tarefa fácil, as pessoas compram em outros lugares, não vêm mais para cá. Com a chuva, fica ainda mais complicado", lamentou.
Por conta da interdição na avenida, linhas de ônibus que atendem a região da Baixa dos Sapateiros foram desviadas para o Aquidabã nesta quarta-feira (27). Deste ponto, os coletivos seguem os seus itinerários de origem. Agentes da Secretaria de Mobilidade (Semob) e prepostos da Integra monitoram a operação de transporte na região.