Após atentado em escola, ainda não há prazo para retorno das aulas em Heliópolis

Alunos sobreviventes receberão atendimento especializado a partir de segunda-feira (21)

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  • Maysa Polcri

Publicado em 20 de outubro de 2024 às 17:59

Colégio Municipal Dom Pedro I,  em Heliópolis
Colégio Municipal Dom Pedro I, em Heliópolis Crédito: Divulgação

Uma cidade de pouco mais de 12 mil habitantes que recebeu a atenção de todo o país após um episódio trágico de violência. Em Heliópolis, no nordeste baiano, o clima ainda é de luto e consternação pelo atentado no povoado de Serra dos Correias, na última sexta-feira (18). Quatro adolescentes morreram após um deles disparar uma arma de fogo dentro de uma escola municipal. Ainda não há prazo para retorno das aulas no povoado de cerca de 1 mil moradores.

Além dos quatro estudantes que morreram, outros cinco estavam na sala de aula da Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental D Pedro I quando o massacre aconteceu. Eles começarão a receber atendimento especializado a partir de segunda-feira (21), segundo o promotor de Justiça Alison Andrade, que atua em Heliópolis após o atentado. Um trabalho de acolhimento integrado está sendo realizado na cidade, com participação do Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA).

“Uma equipe formada por psicólogos, psicopedagogos e assistente sociais está na estrada e ficará pronta para que amanhã, logo cedo, possamos iniciar o trabalho de atendimento aos adolescentes sobreviventes”, diz o promotor. Alison Andrade explica que a ação é importante para evitar episódios futuros decorrentes do trauma vivido.

“Por mais que eles [alunos] digam e os familiares entendam que está tudo bem, podem ocorrer efeitos colaterais que passam despercebidos. Por falta de interesse ou entendimento, as famílias podem deixar isso passar e gerar situações posteriores. Essas pessoas precisam ser acompanhadas”, afirma o promotor, que acredita que o acolhimento deve ser feito o quanto antes.

Na tarde de sexta-feira (18), um aluno de 14 anos entrou na escola municipal e atirou contra três colegas, que morreram. As vítimas foram Jonathan Gama dos Santos, Adriele Vitória Silva Ferreira e Fernanda Sousa Gama - todos de 14 anos. Os corpos dos jovens foram velados nas casas de familiares. O atirador tirou a própria vida logo em seguida. As motivações do crime estão sendo investigadas pela polícia.

O promotor Alison Andrade afirma que ainda não há prazo para retorno das aulas. No dia do ocorrido, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) decretou três dias de luto no estado. Em situações desse tipo, é comum que a instituição de ensino seja reaberta para acolhimento de funcionários, inicialmente, e só depois para a volta dos estudantes.

“Não há como determinar quando as aulas vão retornar e como isso vai acontecer. O que podemos garantir é que, a partir de amanhã (21), vamos nos reunir para decidir, de forma conjunta, as soluções. Os alunos não podem ficar sem aula, afinal, estamos no final do ano”, explicou o promotor de Justiça.

Alison Andrade adiantou que vai propor à Secretaria de Educação de Heliópolis que uma disciplina de educação digital seja inserida nas escolas da cidade. O estudo faz parte de grade curricular de escolas da cidade de Sobradinho, por exemplo.

“O projeto tem como intenção incluir, no ensino do município, o estudo obrigatório de tecnologia e de como se comportar nas redes sociais. Tratamos sobre cyberbullying, estereótipos, segurança da informação, entre outras coisas”, detalha. “Ainda não temos a motivação do crime, mas, a partir de outras ocorrências desse tipo, sabemos que elas costumam ter relação com novas tecnologias”, completa o promotor.

Em setembro de 2022, um caso similar ao de ocorrido em Heliópolis foi registrado em Barreiras, no oeste da Bahia. Um aluno de 14 anos invadiu uma escola e atirou contra os colegas. A aluna Geane da Silva Brito, que tinha 14 anos e utilizava cadeira de rodas, morreu na ação.