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Maysa Polcri
Publicado em 26 de julho de 2024 às 06:00
Pelo menos 10 terreiros foram alvo de depredações na Bahia desde 2022. As informações fazem parte do levantamento da Associação Brasileira de Preservação da Cultura Afro-Ameríndia (AFA), o qual o CORREIO teve acesso. O último episódio aconteceu no domingo (21), quando servidores do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) destruíram um templo religioso no Parque Nacional da Chapada Diamantina. >
Os agentes realizavam uma operação de combate ao desmatamento ilegal e ocupação irregular quando demoliram parte do Terreiro de Jarê Peji da Pedra Branca, em Lençóis. O ICMBio admitiu o erro e disse que o imóvel foi destruído porque não havia indícios externos de que se tratava de um templo religioso. Lideranças locais denunciam que foram alvo de intolerância religiosa. O caso é investigado pela Polícia Civil. >
Em janeiro do ano passado, um homem invadiu o Terreiro Casa de Xangô, em Vitória da Conquista, e destruiu objetos religiosos. Segundo o líder da casa de candomblé, Pai Lucas de Xangô, o invasor mora próximo ao templo e é filho de um pastor evangélico. >
O levantamento da AFA inclui episódios semelhantes registrados em outras cinco cidades da Bahia: Salvador, Lauro de Freitas, Eunápolis, Dias D’Ávila e Itaetê. Uma das denúncias foi feita por Pai Weslei, do Terreiro Nzo Tumbá Kreuizilé Keuamazi, em Sussuarana, na capital baiana. Segundo a AFA, uma vizinha do terreiro joga baldes de água nas oferendas feitas pelo religioso. >
Neste mês, o CORREIO noticiou que a Bahia registrou 90 denúncias de violação contra a liberdade religiosa e de crença no primeiro semestre deste ano. Foram 15 por mês, em média. Os casos podem ser relatados pelo Disque 100. Intolerância religiosa é crime com punição de um a três anos de prisão. >
Episódios de depredação em terreiros, segundo a AFA>
2022>
Ilê Axé Gbamin (Lauro de Freitas): 10 assentamentos de orixá foram retirados do terreiro sem autorização >
Ilê Axé de Logun Edé (Eunápolis): um culto foi realizado na porta do terreiro e objetos sagrados foram quebrados >
Ilê Axé Alafin Oyá Ohun Balé (Dias D'Ávila): uma vizinha arremessa pedras no telhado e ameaça jogar bomba no terreiro>
2023>
Nzo Reino de Nzaazi: Casa de Xangô (Vitória da Conquista): o terreiro foi invadido e objetos sagrados destruídos >
Ilê Axé Airá Tolami (Dias D'Ávila): portas e janelas foram arrombadas, além de objetos pessoais, eletrodomésticos e alimentos furtados>
Ilê Axé Oyá Gemin (Lauro de Freitas): terreiro foi arrombado e depredado>
Ilê Axé Pai Xangô Aganju (Itaeté): três incêndios atingiram o terreiro sem motivos aparentes. Vizinhos ameaçam o culto e a existência do terreiro >
Ilê Axé Onipó Filho (Salvador): vizinho quebra os vidros da janela do barracão, adentra o local e quebra elementos religiosos>
2024>
Nzo Tumbá Kreuizilé Keuamazi (Salvador): oferendas feitas pelo líder religioso são depredadas por uma vizinha >
Terreiro de Jarê Peji da Pedra Branca (Lençóis): foi destruído por agentes do ICMBio >