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Ano novo, problema velho: moradores do Litoral Norte estão há uma semana sem água

População recorre ao serviço de carros-pipa; problema se repete no sul da Bahia

  • Foto do(a) author(a) Maysa Polcri
  • Maysa Polcri

Publicado em 2 de janeiro de 2025 às 14:02

Caminhão-pipa é utilizado em Praia do Forte
Caminhão-pipa é utilizado em Praia do Forte Crédito: Perla Ribeiro/CORREIO

Depois das 9 horas da manhã, é quase impossível encontrar pão assado no dia nas padarias. As ruas estão cheias de carros com placas de cidades diferentes. Nas torneiras, há pouca ou nenhuma água. Essa é a realidade de moradores e visitantes de regiões do Litoral Norte da Bahia que enfrentam desabastecimento há uma semana. Mesmo após denúncias, o problema persiste nos primeiros dias do ano.

Nascida e criada em Monte Gordo, distrito de Camaçari, a autônoma Jeane França, 40, não se surpreende com a falta de água durante o período de festa. Dessa vez, no entanto, a região parece estar ainda mais cheia de visitantes. “Na semana passada fui em três padarias diferentes e não encontrei pão em nenhuma delas. A cidade não ficava cheia assim desde antes da pandemia. Tudo está lotado”, exemplifica.

Mais gente nas casas, nesse caso, significa menos água nas torneiras. Na terça-feira (31), uma reportagem do CORREIO mostrou que moradores precisaram contratar carros-pipa para garantir o abastecimento. O problema segue em locais como Guarajuba, Itacimirim, Praia do Forte, Imbassaí e Porto do Sauípe. No sul da Bahia, moradores de Itacaré protestaram contra a escassez.

Quando tentou lavar a louça da casa no início da manhã desta quinta-feira (2), Jeane França não conseguiu água da rua, em Monte Gordo. “Há uma semana está assim. A água acaba durante a manhã e só volta no início da noite. Precisamos economizar durante o dia para que a água do tanque dure”, conta. Na casa dela, dois reservatórios de 500 litros são utilizados enquanto o fornecimento é interrompido durante o dia.

Dor de cabeça

A empresária Maria Celeste Hermida recebeu sete pessoas em sua casa na praia de Barra do Jacuípe, em Camaçari. Por lá, até a água da piscina é reutilizada para a faxina. Na sexta-feira (27), Celeste e vizinhos de outras casas contrataram um caminhão-pipa de cinco mil litros para abastecer as residências. Precisaram desembolsar R$1 mil. Desde segunda-feira (30), ela aguarda o serviço extra de água solicitado à Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa).

“A Embasa disse que o carro-pipa chegaria em, no máximo, 24 horas. No dia seguinte, aumentaram o prazo, e até agora nada”, reclama. Ela e as visitas reúnem esforços para utilizar apenas o necessário. Os banhos são rápidos e os baldes precisam ser enchidos nas primeiras horas do dia. “Tem dias que a água não vem de jeito nenhum. Em outros, a quantidade não é suficiente para encher os tanques”, diz Celeste, que tem casa na localidade há 20 anos.

Entre os moradores mais novos e antigos, a reclamação é unânime: o problema se repete todos os anos. “É um verdadeiro descaso, além de falta de respeito. Água é essencial”, desabafa Jozinete Dantas, que também precisou de carro-pipa para manter a casa abastecida durante a virada de ano.

Segundo a Embasa, a oferta de água foi reforçada com um novo poço no sistema de abastecimento de Machadinho Norte, em Camaçari, na sexta-feira (27). O investimento foi de R$2,5 milhões. O sistema fornece água para 29,5 mil habitantes de localidades como Arembepe, parte de Barra de Jacuípe e Areias. A Embasa estima que a população atendida supere os 147 mil durante as festas de final de ano.

Segundo a empresa, melhorias nos sistemas de abastecimento começaram a ser realizadas em julho. “[As ações] englobam medidas como contratação de novas equipes de campo, inspeção, manutenção e limpeza prévia de equipamentos da rede distribuidora, mobilização e reforço de equipes de plantão 24 horas durante os feriados prolongados”, pontua.

A Embasa foi questionada sobre a quantidade de carros-pipa utilizados nos últimos sete dias no Litoral Norte, mas não respondeu até esta publicação. 

Moradores fazem protesto em Itacaré

O desabastecimento de água motivou um protesto de moradores de Itacaré, no sul da Bahia. Na segunda-feira (30), manifestantes bloquearam temporariamente a BA-001, que liga a cidade e Ilhéus. Eles carregavam cartazes com os dizeres “Embasa, socorro” e “queremos água”. O fornecimento permaneceu interrompido durante quatro dias em alguns pontos da cidade.

“Já passou da hora de fazerem um planejamento sério de médio e longo prazo com relação a infraestrutura da cidade. Se não fizerem esse planejamento o mais rápido possível, a situação irá se agravar cada vez mais devido a enorme quantidade de turistas que chegam em nosso município”, diz um morador.

Moradores de Itacaré ficaram quatro dias com o fornecimento de água comprometido
Moradores de Itacaré ficaram quatro dias com o fornecimento de água comprometido Crédito: Reprodução/Redes sociais

Em nota, a Embasa disse que o “consumo de água nunca antes visto no mesmo período de anos anteriores” causou baixas pressões nos últimos dias de 2024. No domingo (29), a empresa reforçou o abastecimento com a ampliação de água por meio das estações de tratamento da Ribeira e Marambaia.

“A Embasa disponibilizou geradores na captação e nas estações de tratamento, ampliou as equipes de operação no plantão para que o sistema se mantenha funcionando sem qualquer interrupção para atender a demanda sazonal e temporária do verão de Itacaré”, disse a empresa. 

Sem água e sem luz

Além da falta de água, quem passou a virada do ano na praia de Itacimirim, em Camaçari, enfrentou um outro problema. A orla da região ficou sem energia a partir das 19h30 e o serviço só foi normalizado cerca de três horas depois.

“As pessoas estavam começando a se arrumar para a virada e precisaram usar lanternas”, contou uma pessoa que aproveitou o recesso no Litoral Norte. Outras regiões turísticas também ficaram sem energia, como noticiado pelo CORREIO.

Em nota, a Neoenergia Coelba disse que conta com “plano de ação robusto para atender as regiões com maior afluxo de pessoas durante o verão e garantir o fornecimento de energia”. De acordo com a empresa, foram investidos R$276 milhões em obras estruturantes, manutenção preventiva e reforço operacional durante a alta temporada.

“As ações levaram em consideração as necessidades de cada região onde há turismo, veraneio e festas populares – Salvador, Litoral Norte, Litoral Sul, Baixo Sul e ilhas, Extremo Sul e também Chapada Diamantina”, pontua a Coelba.