Ameaça invisível: partículas de metais pesados no ar causam problemas para a saúde

poluição do ar causa milhões de mortes prematuras por ano, segundo a OMS

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  • Maysa Polcri

Publicado em 5 de julho de 2024 às 06:30

A emissão de gases de efeito estufa é responsável pelo acúmulo de metais pesados
A emissão de gases de efeito estufa é responsável pelo acúmulo de metais pesados Crédito: Shutterstock

Um estudo encabeçado por uma pesquisadora baiana sobre a poluição do ar em Salvador concorre a uma premiação nacional de iniciativas no setor público. Nelzair Vianna descobriu a presença de partículas de metais pesados em 2005, o que possibilitou a criação de diversas medidas para mitigar o problema na cidade. Os poluentes causam desde problemas respiratórios até déficits cognitivos, segundo especialistas.

A emissão de gases de efeito estufa, por veículos e fábricas, é a maior responsável pelo acúmulo de metais pesados na atmosfera. Entre os maiores vilões estão o dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), como explica o engenheiro ambiental Jonatas Sodré.

“As principais atividades humanas que provocam a emissão desses gases são as grandes fábricas e utilização de transportes cujo combustível é a base de petróleo. A redução da área verde nas cidades também impacta diretamente porque as árvores sequestram o gás carbônico e emitem oxigênio, o que melhora a qualidade do ar”, diz o especialista.

A Organização Mundial da Saúde atualizou, em 2021, diretrizes que balizam a classificação da qualidade do ar. Na ocasião, houve redução das referências para todos os poluentes mais conhecidos. O índice tolerado para a presença de materiais particulados de até 2,5 micrômetros (PM2,5) caiu pela metade, para 5 microgramas por metros cúbicos. Apesar do risco para a saúde, as partículas não podem ser vistas a olho nu.

A plataforma Vigiar, do Ministério da Saúde, mede a quantidade média anual de partículas PM2,5 em todos os municípios brasileiros. Segundo o painel, o índice em Salvador é de 5,88 µg/m3. A média da Bahia é de 5,79 µg/m3. Araçariguama, em São Paulo, é a cidade com o ar mais poluído, com média de 39 µg/m3 por ano.

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A pneumologista Larissa Voss lista quais são os grupos mais vulneráveis a problemas de saúde decorrentes da poluição do ar. “Idosos, crianças, gestantes, pacientes com doenças cardiorrespiratórias e outras comorbidades. Além de profissões como motoristas, motociclistas, guardas de trânsito, operadores de máquinas, mineradores e operários de complexos industriais”, diz.

Os problemas de saúde dependem do tipo de gás inalado. “O monóxido de carbono pode provocar dificuldades respiratórias e asfixia, representando perigo àqueles que têm problemas cardíacos e pulmonares”, explica a pneumologista. A OMS estima que a poluição do ar é responsável por 7 milhões de mortes prematuras por ano.

“Existem medidas que podem ser tomadas para melhorar a qualidade do ar. Do ponto de vista coletivo, é preciso melhorar a fiscalização e a regulação ambiental, além de focar em transportes que não emitem gases de efeito estufa. Ações como essas têm impactos positivos para evitar mudanças climáticas e na qualidade do ar”, diz o engenheiro ambiental Jonatas Sodré.