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Larissa Almeida
Publicado em 8 de janeiro de 2025 às 16:13
O motorista de aplicativo Luan Felipe Araújo Cruz, 33 anos, prestou depoimento à polícia, na tarde desta quarta-feira (8), sobre a agressão que sofreu da médica Fedra Emanuela Aquino durante desembarque de uma viagem pelo aplicativo Uber, no último dia 26 de dezembro. Ele relembrou o momento e falou sobre a surpresa que teve ao receber tapas da mulher.
"Foi perturbador. Era algo que eu não esperava, até pelo fato de [a viagem] ser pela categoria Comfort. Eu não ia esperar isso nunca. Foi um susto, mas graças a Deus [o processo] já está caminhando direitinho", disse.
Luan atua há um ano e seis meses como motorista de aplicativo e contou que nunca sofreu nenhuma agressão de passageiros. Também rebateu uma suposta versão de Fedra Emanuela, que teria dito que ele foi quem iniciou os atos violentos.
"É só ver a lógica. Se ela foi agredida, como ela disse que foi, é muito simples checar. Olha o espaço de tempo que teve para ela dar o depoimento, se apresentar e dar uma queixa. Eu vejo que ela não deu nem queixa. É como mostra o vídeo ali. Como é que eu agredi ela e ela pediu para entrar no condomínio? Não procede. Isso não existe", reiterou.
Após a corrida, Luan Felipe contou que recebeu suporte da Uber. Inicialmente, a plataforma teria entrado em contato com ele para averiguar o que teria acontecido durante a corrida, já que Fedra teria feito comentários negativos contra ele e o avaliado com apenas uma estrela – mínima avaliação possível na Uber.
Ao ser questionado, Luan narrou o acontecido e enviou o vídeo com a agressão, que só foi gravado quando o motorista notou que a médica estava exaltada. Após isso, a Uber teria avaliado o material e banido a médica. Em nota, a plataforma confirmou o banimento, lamentou o caso e detalhou o suporte prestado ao motorista.
"A empresa conta com um canal de suporte psicológico, desenvolvido em parceria com o MeToo, que foi disponibilizado ao motorista. Além disso, a Uber se coloca à disposição das autoridades competentes para colaborar com a investigação, nos termos da lei", disse.
Diante dos transtornos vividos, Luan afirmou que quer justiça. Segundo o advogado Josenor Costa, que está auxiliando o motorista, o caso está sendo tipificado como injúria real, que tem pena de três meses a um ano. "Injúria real é uma injúria mais grave do que os xingamentos e a forma com que ele foi tratado, [porque] além disso teve a agressão que ele sofreu. [A injúria real] é a injúria que é possível acrescentar a agressão física. [...] Como advogado, tenho que acreditar que a justiça será cumprida", ressaltou.
O próximo passo do caso é ouvir a médica, que deverá ser intimada em breve, conforme afirma o delegado da 6ª Delegacia Territorial de Brotas, Ramon Costa. "Assim que ouvimos Luan, expedimos a intimação para que ela comparecesse e desse a versão dos fatos sob a ótica dela. A equipe já deve estar dando essa intimação nas próximas horas ou nos próximos dias", disse o delegado.
Ele também explicou que a demora de 13 dias entre a denúncia e a coleta do depoimento se deu em razão da dependência de outros departamentos. Agora, uma vez que Fedra já deve ser intimada, não vai demorar para que seja ouvida. Ramon Costa, contudo, não quis informar uma data alegando se tratar de uma informação confidencial.