Agressão, enforcamento e ameaças: jovem dá depoimento sobre cárcere privado no Garcia

Justiça manteve nesta quarta-feira (21) a prisão do homem que mantinha a namorada presa dentro de casa, em Salvador

Publicado em 21 de agosto de 2024 às 14:48

Polícia Militar agiu durante caso em Salvador Crédito: Divulgação / Ascom PM

A jovem mantida em cárcere privado dentro da própria casa, no bairro Garcia, em Salvador, sofreu diversas violências. O CORREIO teve acesso a declarações da vítima, que foi libertada na última segunda-feira (19) durante uma ação policial. Thiago Conceição dos Santos, suspeito do crime, passou por audiência de custódia nesta quarta-feira (21) e a Justiça determinou a prisão preventiva dele. 

Ele responde por lesão corporal, com ameaça, injúria, e sequestro, além de estar proibido de se aproximar da vítima - por qualquer meio de comunicação -, de seus familiares e das testemunhas. A manutenção da detenção tem como base a preservação da vida e integridade física da vítima.

A denúncia dispõe de que o homem manteve a vítima em cárcere privado por seis ou sete dias, sem acesso a água ou comida. No resgate, a mulher apresentava sinais de lesão corporal, com hematomas visíveis em seu corpo. No depoimento, ela contou que estava junto há seis meses com o suspeito e, no último mês, ele passou a frequentar por mais tempo a casa dela, ao ponto de ter a chave do local e trancar a namorada dentro da própria residência dela. 

Nesse período de um mês, ela somente saía de casa para ir para na casa da mãe dele, com ele junto, diz o documento. Depois disso começaram as agressões. Em uma ocasião, ela chegou a desmaiar após ser enforcada. "Foi puxada pela roupa por ele, de forma que caiu da escada [...] levou muitos tapas, socos, e ele colocou o joelho dele em cima da garanta dela", detalha. 

A justificativa dele para as agressões seria o ciúmes. Thiago também confiscou o celular da vítima. "Só permitia o uso com ele ao lado vendo o que estava escrevendo. Se ela escrevesse algo que ele não gostava, ele espancava ela", acrescenta o resumo do depoimento. 

A vítima ainda diz que tentou gritar por socorro ou fugir, mas ele sempre a capturava antes. Após as agressões físicas, as ameaças evoluíram para um homicídio. "Ele disse que iria matá-la, que ela não conhece ele, que ela tem é sorte de estar viva; que se ela fizer qualquer coisa contra ele, todo mundo vai saber e ela vai morrer”. 

O resgate aconteceu após os militares receberem uma denúncia anônima. A vítima foi direcionada à Casa da Mulher Brasileira. Policiais militares do Batalhão de Policiamento de Proteção à Mulher (BPPM) e do 18º Batalhão da Polícia Militar realizaram a ação.