'Agente Cidadão': projeto de funcionário da Transalvador busca conscientizar motoristas da capital

Personagem foi criado em 2017 pelo agente de trânsito Eudes Santana

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  • Gilberto Barbosa

Publicado em 17 de setembro de 2024 às 06:00

Personagem foi criado para conscientizar motoristas
Personagem foi criado para conscientizar motoristas Crédito: Ana Albuquerque/CORREIO

Quem dirige em Salvador sabe que o trânsito na capital não é exatamente o mais fácil de lidar. A constante briga por espaço entre os motoristas causa estresse até naqueles que não estão no volante. Pensando nisso, o agente de trânsito Eudes Santana, 44 anos, criou em 2017 o ‘Agente Cidadão’, para transmitir uma mensagem de cuidado com o próximo nas ruas e avenidas da cidade.

O personagem veste o uniforme verde e preto dos agentes convencionais. Além disso, ele carrega placas com mensagens voltadas para a proteção da vida e a redução de acidentes. Ele conta que a ideia surgiu em 2010 após participar de um projeto de capacitação dos agentes de trânsito realizado pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).

“Parte da capacitação ensinava a produção de campanhas educativas. Isso me despertou a possibilidade de trazer uma coisa nova, lúdica e educativa, mas que falasse de forma séria sobre a importância de respeitar o outro no trânsito”, diz.

Para dar vida ao 'Agente Cidadão’, ele procurou uma artista plástica de Retirolândia, cidade do centro-norte do estado onde nasceu. Uma foto do agente foi usada como base para o desenho do rosto do personagem. Nas ruas, é possível ver o reconhecimento do público através das buzinas dos motoristas.

“Com esse personagem, tenho conseguido atingir todos os públicos. Ele é voltado para os adultos, com a intenção de que eles se sensibilizem e se coloquem na posição dos outros na rua. Ainda assim, as crianças gostam muito e demonstram muita vontade de participar e aprender sobre o trânsito”, afirma.

Eudes Santana
Eudes Santana Crédito: Ana Albuquerque/ CORREIO

O projeto ocorre de forma independente e voluntária. Por conta disso, Eudes diz que a atuação primária do projeto ocorre em escolas, congressos ou eventos com órgãos parceiros como a Transalvador. Ele também mantém o perfil no Instagram (@agentecidadaoesa) para divulgar o personagem.

“Não posso interromper o trânsito porque o agente não é uma coisa institucional, então eu faço em momentos espontâneos. Geralmente estou em algum lugar da cidade e surge uma situação interessante que posso mostrar nas redes. Levo o material no carro e produzo o vídeo. Ainda assim, dependo de ter uma pessoa que possa me ajudar na produção dos conteúdos e já deixei de gravar porque estava sozinho”, detalha.

O ‘Agente Cidadão’ está com um novo projeto de conscientização voltado aos pedestres. O objetivo é incentivar que as pessoas passem a levantar a mão quando desejam atravessar a faixa. O projeto foi pensado para a Semana Nacional do Trânsito, que ocorre entre os dias 18 e 25 de setembro.

“A ideia é que eles sejam vistos pelos condutores, que ao perceberem a sua presença, vão parar o veículo com maior segurança, evitando colisões traseiras. Muitos acidentes que ocorrem são devido a falhas, onde o pedestre não viu o carro ou o motorista não reparou em alguém passando. Se cada um faz a sua parte, o trânsito fica mais seguro”, afirma.

Eudes atua na área de projetos da Transalvador. Há 24 anos no trânsito da capital, ele explica que o interesse na área surgiu aos dez anos de idade, após um acidente durante uma viagem para Retirolândia que resultou na morte de um familiar. Atualmente, ele possui formação como tecnólogo em Transporte Terrestre pela Universidade Federal da Bahia (Ufba) e pós-graduação em Gestão de Trânsito pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb).

"Além disso, eu tenho tentado trazer para as pessoas que o trânsito é comum a todos e mostrar o lado do agente que também é um cidadão que vive daquele trânsito, mas possui a função de fiscalizar. O profissional deve ser observado como alguém que não está ali para punir, mas sim para cumprir a sua função. A punição só ocorre quando há uma infração”, conclui.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro