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Wendel de Novais
Publicado em 21 de novembro de 2024 às 13:06
O posto 1 da praia de Stella Maris, em Salvador, onde Cauã André Ribeiro, de 15 anos, se afogou e desapareceu na quarta-feira (20) enquanto tomava banho com amigos, é um dos trechos mais perigosos do mar da capital. Apesar de ser um lugar movimentado, principalmente, para quem gosta de fazer atividades físicas na orla e surfistas à procura de ondas, o mar da região está longe de ser o mais tranquilo.
Essa avaliação é feita pelo tenente Paulo Fernandes, do Corpo de Bombeiros, que coordena as buscas por Cauã. “Infelizmente, isso aqui é um local sinistro. São quatro pontos distintos nesse trecho e todos quatro apresentam valas, além de correntes de retorno que são muito fortes. Não bastasse isso, existem as pedras que aumentam o risco. Quem chega aqui vê que essa é uma praia extremamente rochosa”, explica.
As valas são correntes que, inclusive, facilitam o trabalho de surfistas para entrar no mar e chegar à área desejada sem enfrentar muitas ondas pelo caminho. Para o banhista, no entanto, significa a saída rápida de uma área segura para um local fundo, onde afogamentos podem acontecer. Elas são mais fortes quando há ondas maiores e a maré está rasa, justamente a situação em que estava o mar no afogamento de Cauã.
Por conta dessa característica, o tenente Paulo Fernandes não titubeia ao colocar o local como um dos mais delicados no mar soteropolitano. "É um dos lugares mais arriscados para tomar banho em Salvador. Inclusive, a gente dá recomendações de cuidado para pais e responsáveis que vêm à praia, principalmente, com crianças, adolescentes e até mesmo aqueles que têm o costume de ingerir bebidas alcoólicas”, completa ele.
De acordo com a Salvamar, entre as praias de Jardim de Alah e de Ipitanga, onde há o trabalho de agentes, já foram registrados neste ano, até o momento, sete casos de afogamentos fatais. Em todo o ano de 2023, houve oito registros do tipo.
No local onde Cauã se afogou, a família dele, muito abalada, preferiu não dar entrevista para a reportagem. Ontem, para a TV Bahia, alguns deles disseram que não havia agentes do Salvamar no trecho.
Procurada para falar sobre a ação atual da Salvamar, a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop) informou que os salva-vidas adotaram um movimento de greve, "permanecendo na sede e cumprindo apenas a carga horária estabelecida, enquanto a orla de Salvador segue em processo de total requalificação para garantir melhores condições de trabalho e atendimento à população".
"Destacamos que o movimento não foi precedido de um consenso, mesmo após diversos diálogos com a categoria, incluindo reuniões com o secretário da Semop. Durante essas conversas, foi sinalizado à categoria que todo o material necessário está em processo de licitação, incluindo os demais postos de observação e apoio, reforçando o compromisso da gestão com a valorização dos salva-vidas", disse a pasta, em nota.
A Secretaria informou ainda que vai inaugurar, em breve, uma nova base na Pedra do Sal, que descentralizará o atendimento e ampliará a cobertura em Itapuã, Stella Maris, Praia do Flamengo e Ipitanga. "Além disso, três unidades de apoio estão em construção entre a Boca do Rio e Patamares, com infraestrutura moderna, incluindo banheiros, chuveiros e copa, assegurando melhores condições para os profissionais e para o público", afirmou a Semop, que acrescentou a compra de dois novos quadriciclos, duas motos aquáticas e duas embarcações tripuláveis, além de três motores de popa para otimizar o uso dessas embarcações.
Para finalizar, a nota da Semop informou que o efetivo da Salvamar segue atuando em casos emergenciais, como o de Cauã.