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Carmen Vasconcelos
Publicado em 22 de dezembro de 2021 às 23:16
- Atualizado há 2 anos
Amigos e familiares se reuniram, na tarde desta quarta-feira (22), no cemitério do Campo Santo, na Federação, para o enterro do historiador Cid Teixeira, morto anteontem aos 96 anos, enquanto dormia em sua casa, na Pituba. Muito admirado e querido, o professor foi radialista durante décadas e trabalhou, ainda, nas redações de diversos jornais baianos como Diário de Notícias, Tribuna da Bahia e A Tarde. Foi também um grande colaborador do CORREIO, como consultor e fonte de entrevistas para o suplemento Correio Repórter, publicado entre os anos 2000 e 2006.>
O Correio Repórter, inclusive, destinou uma das suas edições – de 04 de agosto de 2002 – ao professor, com um perfil biográfico de cinco páginas sobre a vida e obra desse filho da Ilha de Maré e professor da Universidade Federal da Bahia e da Universidade Católica de Salvador. O historiador era ainda membro do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHBa), entidade que começou a frequentar ainda na infância.>
Presente à cerimônia de despedida de Cid Teixeira, o agitador cultural e dono da Cantina da Lua, no Centro Histórico, Clarindo Silva, fez questão de dar o último adeus ao amigo que conheceu quando tinha apenas 12 anos. “Eu era um estudante curioso e Cid não dispensava uma boa conversa enquanto apreciava o sorvete da Cubana e colocava as novidades em dia com meu antigo patrão, Valter Costa Pinto”, rememorou. >
Clarindo fez questão de ressaltar que, naquela época, vivia curioso por conhecer o papel do óleo de baleia na construção dos famosos solares soteropolitanos.“Um dia, Cid me disse: ‘meu filho, uma mentira repetida mil vezes se transforma numa verdade. Os solares baianos eram construídos com o dinheiro que a venda de óleo de baleia proporcionava e não com o óleo em si’”, recordou Silva. >
Para Clarindo, o professor era dono de uma cultura invejável e muita sabedoria. “Ele conhecia essa Cidade da Ribeira ao Abaeté e dissertava sobre ela com muita humildade”, contou, lembrando o papel de Cid Teixeira, durante a revitalização do Centro Histórico, no final dos anos 80 e início dos anos 90. >
A historiadora Antonietta d’Águiar Nunes também foi prestar as últimas homenagens ao responsável por apresentá-la ao IGHBa, com apenas 17 anos e meio. “Hoje, sou um dos membros mais antigos do Instituto”, contou. Na oportunidade, a professora destacou a preocupação com o rico acervo de Cid Teixeira, que perdeu o seu guardião. >
“O professor Cid Teixeira herdou do padrasto, o também professor de história do Colégio da Bahia e secretário do IGHBa, Francisco da Conceição Menezes, além de também ter herdado a biblioteca do maior editor da Bahia na década de 40, do século passado, Hermann Meyer”, contou, ressaltando ainda a importância do acervo pessoal do professor. >
O governador Rui Costa e instituições como o IGHBa e a Secretaria Estadual de Cultura enviaram coroas de flores para a cerimônia.>