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'A gente paga a conta': moradores de Pero Vaz têm prejuízos de até R$ 40 mil após queima de carros

Veículos ficaram totalmente destruídos após serem incendiados

  • Foto do(a) author(a) Wendel de Novais
  • Wendel de Novais

Publicado em 29 de fevereiro de 2024 às 16:00

Carros foram incendiados por traficantes Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

Os carros incendiados em duas ruas de Pero Vaz na madrugada desta quinta-feira (29) trouxeram problemas ainda não vistos para quem vive no bairro. Apesar do episódio ter a guerra entre as facções do Bonde do Maluco (BDM) e do Comando Vermelho (CV) como causa, quem paga a conta dos veículos totalmente queimados são os proprietários. Ao todo, nove carros foram alvos de traficantes do CV, sendo cinco na Rua Pero Vaz Velho e quatro na localidade da Rua do Céu.

Entre os veículos destruídos, vários modelos: prisma, corsa, classic, HB20 e outros. O modelo do HB20, inclusive, se trata da versão de 2012 estacionado na Rua do Céu. Em sites de vendas, os carros seminovos do mesmo modelo são encontrados por, no mínimo, R$ 40 mil. “O prejuízo é grande, até porque pegou boa parte de dentro do carro. Aí para restaurar só milagre e, talvez, nem valha a pena. Melhor comprar um novo porque o estrago foi feio”, comenta um vizinho, sem dizer o nome.

O dono do HB20 não foi encontrado pela reportagem. No entanto, o proprietário de um dos outros oito veículos queimados afirmou ter um prejuízo de ao menos R$ 10 mil. Ele pede para que o modelo do carro não seja citado para que não o identifiquem, mas lamenta a perda do veículo, que ficou totalmente acabado com as chamas. De acordo com ele, o carro era importante para o trabalho e para atividades de lazer.

“O dia está difícil porque perdi meu carrinho. Era velho, mas eu tinha como uma mão na roda. Se era para sair com mulher e filhos, ele dava conta. Para as coisas do trabalho que precisava carregar, era ele que eu usava. Não pude fazer nada, mesmo ouvindo o barulho das chamas. Tinha um monte de homem atirando na rua. Eles fazem a guerra, mas a gente paga a conta”, lamenta ele.

Moradores perderam os carros após ataque Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

Ainda de acordo com o proprietário de um dos veículos, o confronto entre as facções tem sido constante há, ao menos, seis meses. Porém, até agora, não tinha se convertido em prejuízos altos de maneira material. Com a queima dos carros, ele entende que os moradores também viram foco da violência armada que acompanha a briga entre os grupos criminosos.

“Nunca queimaram carro antes. É claro que a gente sofria pelo medo e por ficar assustado com a violência deles. Agora, não era uma ação direta contra as pessoas e foi assim. Isso é um bairro antigo, cheio de famílias que se formaram aqui. Muito desanimador para nós, que não temos nada a ver com isso, sofrer com consequências tão pesadas. Para muitos, o carro é um sonho e eles acabaram com isso aqui”, desabafa o morador.

A Polícia Militar da Bahia (PM-BA) atendeu as duas ocorrências, mas, ao chegar no local, agentes não localizaram suspeitos. O Corpo de Bombeiros foi acionado nas duas ocasiões e conseguiu debelar o incêndio. A maioria dos carros, porém, tiveram perda total depois do ataque.