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64 pessoas foram hospitalizadas após contato com escorpião em 2024; veja os riscos

Seis óbitos foram registrados no ano passado, segundo Sesab

  • Foto do(a) author(a) Larissa Almeida
  • Larissa Almeida

Publicado em 4 de fevereiro de 2025 às 05:15

Salvador registrou 21 casos de picada de escorpião em seis meses
Salvador registrou 21 casos de picada de escorpião em seis meses Crédito: Shutterstock

Uma pisada em um escorpião fez com que a apresentadora Ana Maria Braga, 75 anos, fosse às pressas para um hospital, no último sábado (1º). A medida, que foi considerada acertada por especialistas, aponta a seriedade com que deve ser encarado o contato com o animal peçonhento. Só na Bahia, 64 pessoas foram hospitalizadas por esse motivo em 2024. No mesmo ano, houve seis óbitos pela mesma razão, de acordo com dados da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab).

Até 15 de julho de 2024, 10.504 casos de acidentes causados por escorpião tinham sido registrados no estado. A Sesab foi procurada para informar a quantidade total de casos computados até o final do ano, mas respondeu que só conseguiria informar o número total nesta terça-feira (4). Ao ser questionada, a pasta disse que ainda não tem números consolidados referentes a este ano.

Em relação a 2023, o número parcial de casos registrados até julho do ano passado tinha um acréscimo de 94 registros. Se comparados os meses já completos, de janeiro a junho de 2023 foram 10.387 casos, contra 10.481 do mesmo período de 2024.

A maioria das ocorrências de contato com escorpião que levaram os baianos ao hospital não tiveram o local especificado. Por outro lado, dentre os locais identificados, fazenda era o ambiente mais comum. Esse foi, inclusive, o local em que Ana Maria Braga estava no momento que pisou o animal. Ela relatou a experiência nesta segunda-feira (3), no programa ‘Mais Você’, da TV Globo.

“Graças a Deus, eu nunca tinha sido picada por escorpião, mas é uma dor das mais dolorosas. Não sou uma pessoa fresca para dor, não reclamo muito. Eu estava na minha fazenda, mas não estava andando descalça mato adentro. [...] Estava dentro de casa, à noite, assistindo uma série e levantei para ir ao banheiro e encontrei ele no meu caminho", contou.

Aumento de casos

De acordo com o professor Artur Dias Lima, doutor em Biologia Parasitária, docente de ecologia médica da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e professor da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, a cada ano aumenta mais o número de acidentes por escorpião no Brasil. Um dos motivos para isso é a facilidade com que o animal se reproduz.

“Os escorpiões podem se reproduzir por reprodução sexuada ou mesmo por partenogênese – um tipo de reprodução assexuada de animais em que o embrião se desenvolve de um óvulo sem ocorrência da fecundação. Na partenogênese, o escorpião pode se autorreproduzir, o que potencializa sua multiplicação”, explica o especialista.

Uma vez no ambiente, o que alimenta esses animais são insetos, principalmente baratas. Logo, deixar lixo exposto, esgoto, ralos abertos, quintais sujos, entulho com telhas, blocos e madeiras acumulados pode favorecer a proliferação. Os escorpiões também são extremamente adaptados à alta temperatura, o que configura mais um fator de alerta, segundo o professor Artur Dias Lima.

“Eles vivem até em desertos. Os nossos verões estão cada vez mais quentes, vide as últimas temperaturas registradas nas grandes cidades brasileiras. Um grande problema voltado para o aquecimento global e aumento populacional de escorpiões. O verão, somado a oferta de alimentos, favorece sua reprodução”, reitera.

Riscos

Se o contato por si só já configura um fator de risco, uma picada de escorpião traz à tona o risco de morte. Isso acontece porque algumas espécies do animal têm venenos mais potentes. De acordo com o professor Artur Dias Lima, a mais perigosa é o escorpião amarelo, cuja espécie é o Tityus serrulatus. “O veneno dessa espécie, por ser neurotóxico, atinge o sistema nervoso podendo causar insuficiência no coração e nos pulmões (cardiorrespiratoria)”, aponta.

O grupo de maior risco são as crianças, conforme aponta Clarice Cerqueira, que é infectologista e autora de um livro sobre animais peçonhentos. “As crianças tendem a colocar mais as mãos em entulhos e em diversos locais com tijolos. Geralmente, são os membros superiores os mais acometidos”, diz.

Os sintomas da picada começam com uma dor forte, que às vezes exige a injeção de anestésico local por conta da intensidade. A depender da quantidade de veneno injetado pelo escorpião, a pessoa afetada pode ter complicações sistêmicas, o que inclui arritmia (aceleração do coração), edema agudo de pulmão (inchaço no pulmão) e óbito.