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60 sabores: produção artesanal e sabores exóticos colocam Sorveteria da Ribeira no top mundial dos sorvetes

Sorveteria integra seleta lista de estabelecimentos no mundo que vendem produto de qualidade

  • M
  • Marcos Felipe

Publicado em 26 de julho de 2023 às 05:15

Sorvete da Ribeira deixa marca
Sorvete da Ribeira deixa marca "indelével no cenário global de sobremesas", segundo enciclopédia gastronômica TasteAtlas Crédito: Paula Fróes/CORREIO

A origem é desconhecida, mas foi há 4 mil anos, na China, que a sobremesa à base de leite e arroz foi congelada na neve e ganhou a Europa, após o explorador veneziano Marco Polo levar a receita para a Itália e o cozinheiro de Catarina de Médici (1519-1589) introduzir a requintada sobremesa na corte francesa. Apesar de raízes tão longínquas, Salvador possui uma sorveteria considerada uma das cem melhores do mundo, segundo a avaliação da enciclopédia gastronômica TasteAtlas.

No Brasil, além da Sorveteria da Ribeira, só a Cairu, em Belém (PA) integra a seleta lista de estabelecimentos no mundo que vendem sorvetes de qualidade, divulgada na última sexta-feira (21). A publicação ressaltou que os estabelecimentos de Salvador e de Belém foram escolhidos por deixar uma marca "indelével no cenário global de sobremesas".

As notas dos sorvetes ou sorveterias não foram divulgadas, mas as avaliações foram baseadas no público gastronômico internacional, por meio de votos filtrados no site. Para a TasteAtlas, a Sorveteria da Ribeira conseguiu se destacar pelo sorvete de tapioca, com a explosão de sabores presente na massa.

Com oito anos de casa, o encarregado Romário Alves, 52, é um dos nove guardiões do processo de produção dos mais de 60 sabores disponíveis — que, com 2,4 mil litros no inverno e até o dobro no verão, abastecem unidades como as de Feira de Santana e Morro de São Paulo. "Para a gente, é um prazer poder satisfazer a vontade do cliente e dizer que o nosso sorvete é um dos melhores", expressou seu contentamento com a notícia.

Com oito anos de casa, o encarregado Romário Alves, 52, é um dos nove guardiões do processo de produção dos mais de 60 sabores disponíveis
Com oito anos de casa, o encarregado Romário Alves, 52, é um dos nove guardiões do processo de produção dos mais de 60 sabores disponíveis Crédito: Paula Fróes/CORREIO

Apesar da notoriedade internacional do sorvete de tapioca, o carro-chefe do estabelecimento é o de coco verde. "Os mais pedidos são coco verde, tapioca, Delícia de Abacaxi, cajá e chocolate africano. São sorvetes que, às vezes, as pessoas procuram, e não encontram em nenhum lugar. Aqui, encontram e gostam", garante o balconista Williams da Silva, 33. Um dos mais antigos nessa função, com dois anos e sete meses, ele se diz feliz com o reconhecimento ao produto.

O aposentado Jorge do Carmo, 72, esteve nessa terça-feira (25), pela primeira vez, na Sorveteria da Ribeira. Recém-chegado à região da Cidade Baixa, ele tirou a tarde para conhecer o largo onde fica a unidade-sede do empreendimento. "Como tá fazendo um calorzinho e fui informado de que o sorvete daqui é muito bom, eu parei, tomei e gostei", disse ele, que saboreava, com um sorriso no rosto, o sorvete de ameixa. "Agora, que estou aqui, virei sempre."

Para o produtor cultural Edwin Neves, 43, tomar sorvete na Ribeira tem um sabor especial, afinal, carrega consigo, também, uma grande memória afetiva cultivada desde a infância. "Eu fui morador do Monte Serrat e sempre frequentei com a família, então, para mim, é um prazer estar aqui. Eu me sinto em casa", definiu Neves, que completava aniversário na ocasião e fez questão de tomar a sobremesa no local.

Também historiador com habilitação em Patrimônio Cultural, Edwin exaltou a importância da sorveteria para as histórias do bairro e de Salvador. "É uma sorveteria que leva o nome da Ribeira para o mundo, então, nada mais justo que receba esse título", finalizou.

Afinal, o que é que a Ribeira tem?

Essa é a pergunta que rodeia toda iguaria de renome — e, por assim ser, o sorvete da Ribeira, criado pelo imigrante italiano Mario Tosto, em 1931, tem sua receita guardada a sete chaves. Ainda assim, o CORREIO conseguiu levantar algumas respostas que podem explicar tamanho sucesso:

  • Produção artesanal, na própria sede;
  • Uso de frutas exóticas, encontradas na sorveteria mesmo fora de época, como biribiri, jenipapo e cajarana;
  • Manutenção da receita original, há 92 anos, mesmo após duas trocas na gestão.