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Larissa Almeida
Publicado em 20 de agosto de 2024 às 06:00
De 1º de janeiro a 19 de agosto deste ano, 22 agentes de segurança foram baleados em Salvador e Região Metropolitana, de acordo com dados levantados pelo Instituto Fogo Cruzado. Desse total, oito morreram e 14 ficaram feridos. Entre os sobreviventes, está um investigador da Polícia Civil, que foi atingido durante operação policial no bairro de Tancredo Neves, na madrugada desta segunda-feira (19). A ação terminou com a morte do líder do tráfico na região, conforme informações da polícia.
Ainda de acordo com o Instituto Fogo Cruzado, outra ocorrência registrada no mês de agosto envolveu um policial militar, que foi baleado durante sua folga em uma tentativa de assalto na noite do dia 18 de agosto, na Ponta de Humaitá, ponto turístico localizado no bairro Monte Serrat. Uma ação policial foi iniciada e terminou com o suspeito morto.
No ano de 2023, nove policiais foram vítimas de crimes violentos letais intencionais, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em julho deste ano. No total, seis deles eram policiais militares e foram mortos em confronto, sendo que quatro deles atuavam em Salvador.
Para Dudu Ribeiro, cofundador e diretor executivo da Iniciativa Negra, organização parceira do Instituto Fogo Cruzado na Bahia, e integrante da Rede de Observatórios da Segurança na Bahia, os números revelam que a política de segurança pública também expõe à violência, à morte e ao sofrimento psíquico inúmeros agentes de segurança.
“Em um ambiente constante de guerra, não há condições de apresentar cuidado. Os agentes passam a cumprir uma função dada pela guerra às drogas e atribuída, sobretudo, em grande parte na Bahia, a outros homens negros. Essa tarefa de eliminação compromete de forma drástica a vida das pessoas, inclusive todos esses agentes”, destaca o especialista.
Ele defende que sejam adotadas medidas de controle e protocolo que invistam em inteligência e reduzam a necessidade de operações que favoreçam o confronto, e faz um alerta quanto aos riscos de manutenção da atual política de segurança pública. “A gente tem agentes adoecidos em um ambiente de guerra operando armamentos de alta letalidade. Isso compromete a sua própria capacidade de ação, expõe sua vida e compromete também as pessoas no entorno a partir do momento em que há um agente trabalhando nessas condições”, finaliza.
A Secretaria de Segurança Pública, a Polícia Civil e a Polícia Militar foram procuradas para se posicionarem em relação aos dados, mas não responderam à solicitação.
O Sindicato dos Policiais Civis da Bahia (Sindipoc-BA) também foi procurado para a mesma solicitação e não respondeu.
*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo