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Millena Marques
Publicado em 28 de novembro de 2023 às 05:30
Quando o termômetro registra temperaturas acima de 35°C, uma preocupação toma conta dos avicultores baianos: risco de estresse térmico em frangos de corte. O que isso significa? Os animais estarão mais suscetíveis a problemas de saúde, redução de crescimento e, em casos extremos, podem morrer, o que gera prejuízo aos produtores. Há pouco mais de uma semana, a produtora Kesley Jordana perdeu 20 mil aves por causa das altas temperaturas e de um problema na rede elétrica da cidade. >
O caso aconteceu em Conceição da Feira, município localizado na Região Metropolitana de Feira de Santana, no último dia 19. A junção do calor com a queda de energia elétrica foi crucial para os danos econômicos da produtora: foram 60 toneladas de frango terminado, ou seja, pronto para o abate, o que configurou um prejuízo de R$ 300 mil. >
De acordo com Jordana, o calor afeta a criação de frango de corte de diferentes maneiras. O estresse térmico causado por altas temperaturas influencia na redução de ingestão de alimentos, dificulta o ganho de peso dos animais e os torna mais suscetíveis a doenças. >
"Temperaturas extremas podem ser fatais para frangos de corte. O estresse térmico ocorre quando as temperaturas estão significativamente acima do ideal. Geralmente, temperaturas acima de 35°C podem aumentar o risco dessa condição em frangos de corte", explica a produtora.>
Para ter uma boa produção de aves, é importante monitorar o comportamento dos animais, com a possibilidade de ajuste de condições de térmicas caso seja necessário. Por isso, a queda de energia é um fator determinante para a ocorrência de prejuízos nas granjas, visto que o fornecimento do serviço é primordial para o funcionamento de sistemas de monitoramento e ventilação dos galpões.>
Procurada pela reportagem, a Neoenergia Coelba, companhia responsável pela distribuição de energia no estado da Bahia, informou que a interrupção na região de Conceição da Feira foi ocasionada por "ações intempestivas na rede elétrica local", resultado da queda de uma árvore sobre cabos elétricos. >
"A Neoenergia Coelba prontamente mobilizou equipes técnicas, que trabalharam para restabelecer a estrutura comprometida. Destacamos que a distribuidora mantém um plano de manutenção robusto em execução, incluindo ações preventivas como a substituição de equipamentos, recondutoramento e instalação de dispositivos de automação, para assegurar a confiabilidade no fornecimento de energia para os empreendimentos e clientes da região", diz trecho da nota. >
O caso do último dia 19 não é um episódio isolado. Dias mais quentes aliados à queda de energia elétrica resultaram em um prejuízo de quase R$ 2 milhões para a produtora somente neste ano. Em fevereiro, 46 mil aves, com peso médio de 3,3 kg, morreram por causa das condições climáticas. O caso resultou na perda de aproximadamente 152 toneladas de carne e um prejuízo financeiro de mais de R$ 1 milhão.>
Ainda neste ano, dois sinistros – termo utilizado pelos avicultores para denominar esses episódio – foram registrados pela produtora. Um na região de Cabaceiras do Paraguaçu, no recôncavo baiano, com a perda de 7800 aves, e outro na BR-101, onde mais de 4500 aves morreram.>
*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro>