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Pernambucano adapta livro O Pequeno Príncipe para o cordel

Pelo Facebook, o autor já vendeu cópias de O Pequeno Príncipe em Cordel para países como Portugal, Espanha, Alemanha e EUA

  • Foto do(a) author(a) Roberto  Midlej
  • Roberto Midlej

Publicado em 1 de junho de 2016 às 13:19

 - Atualizado há 2 anos

O Pequeno Príncipe agora é amorenado, vive na Zona da Mata, usa chapéu de cangaceiro e roupa de maracatu. No lugar do rei, aparece uma figura inspirada no reisado - festa muito popular no Nordeste - e, em vez da flor do deserto, é a flor de mandacaru.O Pequeno Príncipe ganhou adaptação com elementos nordestinos (Foto: Reprodução)Esse é o universo que o escritor Josué Limeira e o ilustrador Vladimir Barros, ambos pernambucanos, criaram no livro O Pequeno Príncipe em Cordel (Carpe Diem/174 págs/R$38), uma adaptação do clássico de Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944), que foi publicado pela primeira vez em 1943.Josué, 51 anos, é funcionário público mas, de vez em quando, se aventura como poeta e cordelista. Assim como boa parte de sua geração, o pernambucano foi muito influenciado pela obra de Saint-Exupéry: “Eu já vinha pensando em adaptar um clássico da literatura para o cordel e, como o livro me acompanhava desde minha adolescência, pensei logo nele. Aí, escrevi o primeiro capítulo para experimentar e fiquei muito satisfeito com o resultado”.Josué resolveu dar continuidade aos capítulos seguintes e percebeu que, para o resultado ficar como ele queria, precisaria reler o clássico francês algumas vezes. Algumas, não: 70 vezes. “Apesar das adaptações que fiz, a essência da história está ali. Apenas passei da forma narrativa para a poesia. Mas, para ser fiel, precisei ler o livro original diversas vezes”, diz.O cordel começou a ser escrito em 2010 e levou dois anos para ser concluído. Finalmente, em 2012, Josué partiu para a etapa seguinte, a publicação. Foi aí que se deu conta que, para publicar sua versão, teria que pedir autorização aos herdeiros do escritor francês.Conseguiu, finalmente, contactá-los por email. “Mas eles não entenderam muito bem a proposta, afinal, não sabiam o que é o cordel. Me passaram uma mensagem, pedindo que explicasse, mas depois acabaram sem responder”, lembra o autor.Domínio públicoJosué então buscou mais informações sobre O Pequeno Príncipe original e descobriu que, em 2015, depois de completados 70 anos da morte de Saint-Exupéry, a obra cairia em domínio público, o que lhe permitiria publicar sua versão, mesmo sem a autorização da família do escritor.Foi aí que partiu para as providências seguintes, com a contratação de uma revisora e o acordo com uma editora interessada em publicar, a pernambucana Carpe Diem. Em poucos meses, o livro se tornou o maior sucesso da editora, com seis mil exemplares vendidos e sendo adotado em 16 escolas brasileiras. A primeira foi de Brasília. Depois, foram instituições educacionais de Pernambuco, Alagoas, Rio e Ceará. Na Bahia, uma escola de Teixeira de Freitas, no Extremo Sul do estado, também o adotou.Josué diz que, embora o livro original já fosse adotado em escolas, o formato do cordel permite que crianças menores se interessem pela história: “Os desenhos atraem a atenção dos pequenos. Além disso, eles podem exercitar a oralidade, declamando os versos do cordel”.Pelo mundoE não é apenas nas escolas que o livro tem feito sucesso. Pelo Facebook, o autor já vendeu cópias de O Pequeno Príncipe em Cordel para países como Portugal, Espanha, Alemanha e EUA. “E tem até colecionadores de cordel espalhados pelo mundo que andam trocando o livro entre eles. Soube de gente até na Islândia e Turquia”, diz Josué. Redes de livrarias como a Cultura e a Nobel também estão vendendo o livro.Vladimir Barros, 31, que ilustra o cordel, também é pernambucano. Ele já havia trabalhado com Josué em uma história em quadrinhos sobre Luiz Gonzaga (1912-1989), publicada no Jornal do Commercio, com texto também em formato de cordel. Josué elogia a ‘sutileza’ do trabalho do colega e a forma como ele brinca com os títulos dos capítulos. Para chegarem à forma do traço, encontraram um meio-termo: “Nós chegamos a um acordo  porque, inicialmente, eu queria uma coisa mais ‘rústica’, parecida com xilogravura. Mas ele propôs um traço entre a xilogravura e o armorial (técnica baseada no Movimento Armorial, inspirado em Ariano Suassuna)”, diz Josué.