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Doris Miranda
Publicado em 26 de julho de 2016 às 13:44
- Atualizado há 2 anos
O autor americano Matt Groening, 62 anos, ganhou fama e dinheiro ao redor do mundo com a série animada Os Simpsons, há 25 anos ininterruptos no ar. E com aquela família desajustada (e muito engraçada por isso, sim senhor) se transformou num dos fenômenos culturais mais importantes do século 20, capaz de agregar gregos e troianos diante da televisão.Só que, antes de apresentar Homer Simpson e companhia, Groening começou a desenhar a tira semanal de quadrinhos Vida no Inferno, lançada em 1975 e publicada por mais de 30 anos em centenas de jornais espalhados pelo mundo. A mesma tirinha que chega ao Brasil na compilação lançada pela editora Veneta numa edição bem bacana e selecionada pelo próprio autor.(Foto: Divulgação)Se você conhece o mínimo de Os Simpsons já sabe o que esperar desse trabalho. Em primeiro lugar, muito humor com o sotaque acirrado do politicamente incorreto. Mas também o desenho quase infantil de seus coelhos antropomórficos dentuços e com olhos esbugalhados, a crítica ácida dos costumes que definem o american way of life, e argumentos que não fogem de nenhum tema delicado.“Vida no Inferno é uma série de quadrinhos de autoajuda - no caso, a pessoa ajudada sou eu. Não sei o quanto esses quadrinhos podem ser úteis, mas desenhá-los ao longo dos anos foi divertido para mim”, diz Matt Groening no prefácio da obra, escrita em 1990. Ele está certo, o tom é de autoajuda mesmo. Mas, veja, é daquele jeito torto do autor, meio ridículo e extremamente risível.Então, o texto tem essa tal fórmula da felicidade espalhada aí, pela página, com listas e diagramas para serem cumpridos. Tem ainda dicas sobre como conseguir o amor que você merece, para se tornar um tipinho artístico e criativo, como ser um crítico de cinema esperto, como se dar bem com os babacas do seu trabalho e até lições sobre como lidar com os pais e os métodos contraceptivos. O riso vem com todas as páginas. Em algumas, frouxo com o teor nonsense da trama surreal. Em outras ocasiões, surge devagar, em meio a um certo desconforto moral.Se você está no segundo grupo, dos que têm um riso amarelo congelado no rosto, saiba que é para incomodar mesmo que Matt Groening escreve: “Espero que se divirta também, mas se você é um daqueles que consideram meu trabalho irritante, tudo bem. Para minha sorte, ser irritante também é uma diversão e tanto”.O que você precisa saber: o livro mostra as primeiras aparições de Bart Simpson antes mesmo dele estrear na TV.